Ir para conteúdo
  • Cadastre-se

Posts Recomendados

Postado

E aí, pessoal. Já viram a notícia? Ronaldo Fenômeno falou que não conseguirá mais ser candidato à presidência da CBF, pois das 27 federações, 23 sequer quiseram recebê-lo para conversar.

 

Uma clara demonstração do tudo o que há de errado no nosso futebol (a bandidagem que eu já havia comentado ontem, por coincidência, em outros tópicos). Eu até havia comentado que os dirigentes nem se importam com o clamor popular, como um colega daqui havia comentado, e dito e feito. Infelizmente eu estava certo. Nem deixaram o cara entrar nas federações. E confesso que eu ainda tinha uma fagulha de esperança de que pelo menos o apoio pra candidatura ele teria (se venceria, já seriam outros 500). Mas nem isso...

 

Sinto que a cova do nosso futebol está finalizada. Agora, só falta jogar o corpo do indigente, e enterrar. Quando farão isso, e como? Não sei. Mas acho que não vão tentar nem usar uma massagem cardíaca, muito menos um desfibrilador...

Postado

Eu sinceramente não entendo por que o pessoal achava que o Ronaldo ia ser o grande salvador do futebol brasileiro. O cara é rei do conflito de interesse e do rolo (ok, príncipe do rolo, que o rei é o Ronaldinho).

Na Copa do Mundo no Brasil ele participou nos bastidores da organização junto à FIFA, foi comentarista da Globo e sócio de empresa que cuida do marketing de diversos jogadores da Seleção Brasileira, tudo ao mesmo tempo. 

A SAF do Cruzeiro nem se fala, negócio absolutamente escuso em que ele saiu com o bolso cheio depois de usar a sua imagem de ídolo pra ganhar o clube praticamente de graça. Ainda durante o período que ele tava por lá o Cruzeiro andou contratando serviços de uma empresa de produção de vídeos p/ marketing esportivo cujo dono é... o próprio Ronaldo. Mas claro, nenhum conflito nessa relação, imagina. 

Quando fazia sentido do ponto de vista político, abraçou tudo que há de pior na cartolagem do futebol brasileiro. Agora viu uma oportunidade de se promover e se lançou como salvador da CBF, depois de fazer o mesmo no Cruzeiro.

Certamente não haveria nenhum problema em um cara que é dono de empresa de agenciamento de jogadores (convocados para a seleção), dono de clube de futebol, sócio de empresa que controla a dívida do São Paulo, credor do Cruzeiro, dono de empresa de organização de eventos (que já organizou eventos pra Conmebol) ser presidente da CBF. Ia ser tudo limpo e resolver os problemas do futebol brasileiro. 

 

Não tô dizendo que a CBF atual seja boa. Mas o caminho pra corrigir não é eleger um salvador da pátria que tem um histórico absurdo de relações escusas e utilização de posições de poder para ganho pessoal. 

Postado
  Em 12/03/2025 em 17:11, Danut disse:

Eu sinceramente não entendo por que o pessoal achava que o Ronaldo ia ser o grande salvador do futebol brasileiro. O cara é rei do conflito de interesse e do rolo (ok, príncipe do rolo, que o rei é o Ronaldinho).

Na Copa do Mundo no Brasil ele participou nos bastidores da organização junto à FIFA, foi comentarista da Globo e sócio de empresa que cuida do marketing de diversos jogadores da Seleção Brasileira, tudo ao mesmo tempo. 

A SAF do Cruzeiro nem se fala, negócio absolutamente escuso em que ele saiu com o bolso cheio depois de usar a sua imagem de ídolo pra ganhar o clube praticamente de graça. Ainda durante o período que ele tava por lá o Cruzeiro andou contratando serviços de uma empresa de produção de vídeos p/ marketing esportivo cujo dono é... o próprio Ronaldo. Mas claro, nenhum conflito nessa relação, imagina. 

Quando fazia sentido do ponto de vista político, abraçou tudo que há de pior na cartolagem do futebol brasileiro. Agora viu uma oportunidade de se promover e se lançou como salvador da CBF, depois de fazer o mesmo no Cruzeiro.

Certamente não haveria nenhum problema em um cara que é dono de empresa de agenciamento de jogadores (convocados para a seleção), dono de clube de futebol, sócio de empresa que controla a dívida do São Paulo, credor do Cruzeiro, dono de empresa de organização de eventos (que já organizou eventos pra Conmebol) ser presidente da CBF. Ia ser tudo limpo e resolver os problemas do futebol brasileiro. 

 

Não tô dizendo que a CBF atual seja boa. Mas o caminho pra corrigir não é eleger um salvador da pátria que tem um histórico absurdo de relações escusas e utilização de posições de poder para ganho pessoal. 

Expand  

Acho que a surpresa é mais porque nem um nome de peso (rs) como o dele, acostumado a transitar nesses ambientes roleiros, conseguiu ter espaço. Ou seja...

Postado
  Em 12/03/2025 em 17:11, Danut disse:

Eu sinceramente não entendo por que o pessoal achava que o Ronaldo ia ser o grande salvador do futebol brasileiro. O cara é rei do conflito de interesse e do rolo (ok, príncipe do rolo, que o rei é o Ronaldinho).

Na Copa do Mundo no Brasil ele participou nos bastidores da organização junto à FIFA, foi comentarista da Globo e sócio de empresa que cuida do marketing de diversos jogadores da Seleção Brasileira, tudo ao mesmo tempo. 

A SAF do Cruzeiro nem se fala, negócio absolutamente escuso em que ele saiu com o bolso cheio depois de usar a sua imagem de ídolo pra ganhar o clube praticamente de graça. Ainda durante o período que ele tava por lá o Cruzeiro andou contratando serviços de uma empresa de produção de vídeos p/ marketing esportivo cujo dono é... o próprio Ronaldo. Mas claro, nenhum conflito nessa relação, imagina. 

Quando fazia sentido do ponto de vista político, abraçou tudo que há de pior na cartolagem do futebol brasileiro. Agora viu uma oportunidade de se promover e se lançou como salvador da CBF, depois de fazer o mesmo no Cruzeiro.

Certamente não haveria nenhum problema em um cara que é dono de empresa de agenciamento de jogadores (convocados para a seleção), dono de clube de futebol, sócio de empresa que controla a dívida do São Paulo, credor do Cruzeiro, dono de empresa de organização de eventos (que já organizou eventos pra Conmebol) ser presidente da CBF. Ia ser tudo limpo e resolver os problemas do futebol brasileiro. 

 

Não tô dizendo que a CBF atual seja boa. Mas o caminho pra corrigir não é eleger um salvador da pátria que tem um histórico absurdo de relações escusas e utilização de posições de poder para ganho pessoal. 

Expand  

É que nem o ZMB falou: se nem ele, que é o Ronaldo (e tem todas as conexões pessoais do mundo) conseguiu furar essa bolha da CBF... alguém mais íntegro teria muito mais dificuldades.

 

Acho que pensar no fenômeno como um salvador, ninguém pensava, muito pelos pontos que você destacou (porra, o cara não conseguiu arrumar o Cruzeiro, vai arrumar a CBF???). Mas putz, ele era uma chance de dar um recado à essa cartolada de merda que temos aí de que alguns caminhos alternativos poderiam ser trilhados (não necessariamente bons, mas diferentes do que temos hoje).

  • Diretor Geral
Postado

Texto pertinente (e que bate com a opinião do criador do tópico @pavel, salve!) do excelente Felipe Lobo, da newsletter Meiocampo:

---

Ronaldo, CBF e a derrota do futebol brasileiro
Federações não quiseram falar com Ronaldo porque acreditam no ótimo (risos) trabalho de Ednaldo na CBF. Quem perde é o futebol brasileiro

Por Felipe Lobo

https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F92723d10-876e-44a4-bbf5-5622a3bdcee6_1296x729.jpeg
Ronaldo desistiu da candidatura à CBF (Reprodução)

 

A desistência de Ronaldo de ser candidato à presidência da CBF veio de uma forma que descreveria como decepcionado, mas não surpreso. Independente do que seria uma possível administração de Ronaldo, o episódio significa uma derrota do futebol brasileiro.

Ronaldo indicou algumas mudanças e isso parece já assustar. Nenhuma federação se dispôs a apoiá-lo. Pior ainda: 23 delas sequer quiseram conversar. As respostas foram combinadas com o próprio Ednaldo, em um ato de subserviência das federações. Aliás, quatro delas sequer responderam ao pedido de Ronaldo.

Só uma federação aceitou ouvir Ronaldo: a de São Paulo. Reinaldo Carneiro Bastos recebeu o Fenômeno, concordou com algumas insatisfações que o ex-jogador levantou e até discordâncias em relação a Ednaldo. Ainda assim, deixou claro que não apoiaria Ronaldo. Reinaldo Carneiro Bastos só aceita se opor a Ednaldo se ELE for o cabeça da chapa.

A resposta das federações mostra o buraco que estamos.

"Estamos comprometidos com a continuidade da atual gestão da CBF, comandada pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Sua administração, de uma forma ampla e democrática, tem realizado importantes investimentos em diversas categorias do futebol brasileiro, desde as categorias de base até os campeonatos nacionais, com especial olhar e atenção a Série D, ao futebol feminino e a projetos sociais e estruturais, que visam o fortalecimento do nosso esporte", dizia a resposta ao e-mail de Ronaldo, segundo matéria de Pedro Ivo Almeida, na ESPN.

Um texto que parece vir direto daquele mundo em que a CBF é o Brasil que dá certo, que Carlos Alberto Parreira se referiu em 2014. Parece não ter muita conexão com a realidade. Essa realidade descrita pelos presidentes de federações não parece levar em conta os problemas dos seus próprios clubes.

Os clubes da Série C pedem há anos que o calendário da competição siga o padrão da Série A e B e seja em pontos corridos, com turno e returno, para que os clubes tenham mais calendário. A CBF decidiu ignorar e manteve tudo como está.

A razão é simples: economizar. A CBF banca toda a logística dos clubes das Séries C e D e ter mais rodadas e mais jogos significaria mais gasto para a entidade. Para os clubes, seria fundamental: permitiria ter mais receitas com bilheteria, com patrocínios, com transmissão de TV. Ajudaria a manter os clubes ativos por mais tempo no ano, o que ajuda com programas de sócio-torcedor e ajuda a manter a própria existência desses clubes. Mas a CBF não quer. As federações estão satisfeitas. Os clubes, aparentemente, não estão.

Aliás, os clubes precisam aqui ser responsabilizados. Em 2017, a CBF reduziu o poder dos clubes ao reduzir o peso dos seus votos. Fez isso porque a Lei do Profut exige que os clubes sejam representados na eleição das confederações dos seus esportes, como é a CBF.

Para driblar essa lei, a CBF tirou o peso dos clubes. Federações passaram a ter peso 3, clubes da Série A peso 2, clubes da Série B peso 1. Na prática, significa que as federações escolhem sozinhas o presidente da CBF. Era o que o então presidente da CBF queria.

O movimento era considerado ilegal, porque essa decisão foi tomada a portas fechadas apenas com as federações, sem os clubes. Os clubes teriam todos os motivos para não aceitarem isso, certo? Pois aceitaram. O que eles pediram foi muito pouco: apoio da CBF à liga para organizar o Campeonato Brasileiro. Pediram ainda a mudança do diretor de competições. Pouquíssimo. E sem garantia alguma, inclusive.

Os clubes foram omissos, trocaram o poder político por uma promessa vazia. E, até agora, não conseguiram formar liga alguma. Esse acordo aconteceu em 2022, depois da passagem de Rogério Caboclo pela CBF – com uma eleição considerada irregular, o que o tirou do cargo, além de escândalos que pesaram para que ele saísse.

Desde então, Ednaldo Rodrigues assumiu o cargo e vem se mantendo ali, graças a um acordo no STF, mesmo com um claro conflito de interesse em quem julgou. Os clubes, como sempre omissos e burros, nunca se opuseram a Ednaldo mesmo assim.

Em 2025, teremos um problema de calendário imenso: as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro batem com as datas do Intercontinental da Fifa (o antigo Mundial de Clubes anual). O torneio começa no dia 10 de dezembro e o Brasileirão vai até o dia 21 do mesmo mês. Os jogos envolvendo o campeão da Libertadores serão nas mesmas datas das rodadas 35, 36 e 37 do Brasileirão. O que a CBF irá fazer? Ela não sabe e vai discutir com os clubes, segundo Ednaldo.

É só mais uma pílula de estupidez da CBF na gestão do futebol brasileiro. Temos os estaduais, que ocupam um espaço inaceitável do calendário (e na prática já deveriam ter virado a Série E do Brasileiro sem os clubes de divisões acima); temos os problemas com a arbitragem, sem padrão, sem critério, sem treinamento adequado; temos o problema dos gramados, sempre problemáticos e sem padronização.

Enfim, temos muitos problemas graves que não são resolvidos. São constantemente jogados para baixo do tapete por dirigentes sedentos por poder na CBF – Ednaldo é só mais um deles –, por federações mais preocupadas com a mesada da CBF do que com o futebol do seu estado e por clubes omissos e burros, que se apequenam para jogar a culpa na CBF sempre que conveniente, sem, porém, querer resolver nada.

Por tudo isso, o futebol brasileiro perdeu sem ter nem possibilidade de concorrência para Ednaldo. Espero que os clubes tenham percebido a burrice que é não trabalharem juntos, formar uma liga e se tratarem como sócios, não como inimigos, e assumirem a gestão do Campeonato Brasileiro para começar a resolver esses problemas.

Vai demorar mesmo que comece agora, mas vai demorar mais ainda se não começar. Parece que finalmente os clubes entenderam que ter dois grupos, LFU e Libra, e caminham para formar uma liga. Algumas vozes mais racionais começaram a ser ouvidas para que tudo isso saia do papel. Espero que tenha chegado a hora de deixarem os conflitos entre si e passarem ao conflito que realmente importa: com a CBF.

https://newsletter.meiocampo.net/p/parece-que-acharam-um-time-em-paris

Postado
  Em 15/03/2025 em 12:41, Leho. disse:

Texto pertinente (e que bate com a opinião do criador do tópico @pavel, salve!) do excelente Felipe Lobo, da newsletter Meiocampo:

---

Ronaldo, CBF e a derrota do futebol brasileiro
Federações não quiseram falar com Ronaldo porque acreditam no ótimo (risos) trabalho de Ednaldo na CBF. Quem perde é o futebol brasileiro

Por Felipe Lobo

https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F92723d10-876e-44a4-bbf5-5622a3bdcee6_1296x729.jpeg
Ronaldo desistiu da candidatura à CBF (Reprodução)

 

A desistência de Ronaldo de ser candidato à presidência da CBF veio de uma forma que descreveria como decepcionado, mas não surpreso. Independente do que seria uma possível administração de Ronaldo, o episódio significa uma derrota do futebol brasileiro.

Ronaldo indicou algumas mudanças e isso parece já assustar. Nenhuma federação se dispôs a apoiá-lo. Pior ainda: 23 delas sequer quiseram conversar. As respostas foram combinadas com o próprio Ednaldo, em um ato de subserviência das federações. Aliás, quatro delas sequer responderam ao pedido de Ronaldo.

Só uma federação aceitou ouvir Ronaldo: a de São Paulo. Reinaldo Carneiro Bastos recebeu o Fenômeno, concordou com algumas insatisfações que o ex-jogador levantou e até discordâncias em relação a Ednaldo. Ainda assim, deixou claro que não apoiaria Ronaldo. Reinaldo Carneiro Bastos só aceita se opor a Ednaldo se ELE for o cabeça da chapa.

A resposta das federações mostra o buraco que estamos.

"Estamos comprometidos com a continuidade da atual gestão da CBF, comandada pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Sua administração, de uma forma ampla e democrática, tem realizado importantes investimentos em diversas categorias do futebol brasileiro, desde as categorias de base até os campeonatos nacionais, com especial olhar e atenção a Série D, ao futebol feminino e a projetos sociais e estruturais, que visam o fortalecimento do nosso esporte", dizia a resposta ao e-mail de Ronaldo, segundo matéria de Pedro Ivo Almeida, na ESPN.

Um texto que parece vir direto daquele mundo em que a CBF é o Brasil que dá certo, que Carlos Alberto Parreira se referiu em 2014. Parece não ter muita conexão com a realidade. Essa realidade descrita pelos presidentes de federações não parece levar em conta os problemas dos seus próprios clubes.

Os clubes da Série C pedem há anos que o calendário da competição siga o padrão da Série A e B e seja em pontos corridos, com turno e returno, para que os clubes tenham mais calendário. A CBF decidiu ignorar e manteve tudo como está.

A razão é simples: economizar. A CBF banca toda a logística dos clubes das Séries C e D e ter mais rodadas e mais jogos significaria mais gasto para a entidade. Para os clubes, seria fundamental: permitiria ter mais receitas com bilheteria, com patrocínios, com transmissão de TV. Ajudaria a manter os clubes ativos por mais tempo no ano, o que ajuda com programas de sócio-torcedor e ajuda a manter a própria existência desses clubes. Mas a CBF não quer. As federações estão satisfeitas. Os clubes, aparentemente, não estão.

Aliás, os clubes precisam aqui ser responsabilizados. Em 2017, a CBF reduziu o poder dos clubes ao reduzir o peso dos seus votos. Fez isso porque a Lei do Profut exige que os clubes sejam representados na eleição das confederações dos seus esportes, como é a CBF.

Para driblar essa lei, a CBF tirou o peso dos clubes. Federações passaram a ter peso 3, clubes da Série A peso 2, clubes da Série B peso 1. Na prática, significa que as federações escolhem sozinhas o presidente da CBF. Era o que o então presidente da CBF queria.

O movimento era considerado ilegal, porque essa decisão foi tomada a portas fechadas apenas com as federações, sem os clubes. Os clubes teriam todos os motivos para não aceitarem isso, certo? Pois aceitaram. O que eles pediram foi muito pouco: apoio da CBF à liga para organizar o Campeonato Brasileiro. Pediram ainda a mudança do diretor de competições. Pouquíssimo. E sem garantia alguma, inclusive.

Os clubes foram omissos, trocaram o poder político por uma promessa vazia. E, até agora, não conseguiram formar liga alguma. Esse acordo aconteceu em 2022, depois da passagem de Rogério Caboclo pela CBF – com uma eleição considerada irregular, o que o tirou do cargo, além de escândalos que pesaram para que ele saísse.

Desde então, Ednaldo Rodrigues assumiu o cargo e vem se mantendo ali, graças a um acordo no STF, mesmo com um claro conflito de interesse em quem julgou. Os clubes, como sempre omissos e burros, nunca se opuseram a Ednaldo mesmo assim.

Em 2025, teremos um problema de calendário imenso: as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro batem com as datas do Intercontinental da Fifa (o antigo Mundial de Clubes anual). O torneio começa no dia 10 de dezembro e o Brasileirão vai até o dia 21 do mesmo mês. Os jogos envolvendo o campeão da Libertadores serão nas mesmas datas das rodadas 35, 36 e 37 do Brasileirão. O que a CBF irá fazer? Ela não sabe e vai discutir com os clubes, segundo Ednaldo.

É só mais uma pílula de estupidez da CBF na gestão do futebol brasileiro. Temos os estaduais, que ocupam um espaço inaceitável do calendário (e na prática já deveriam ter virado a Série E do Brasileiro sem os clubes de divisões acima); temos os problemas com a arbitragem, sem padrão, sem critério, sem treinamento adequado; temos o problema dos gramados, sempre problemáticos e sem padronização.

Enfim, temos muitos problemas graves que não são resolvidos. São constantemente jogados para baixo do tapete por dirigentes sedentos por poder na CBF – Ednaldo é só mais um deles –, por federações mais preocupadas com a mesada da CBF do que com o futebol do seu estado e por clubes omissos e burros, que se apequenam para jogar a culpa na CBF sempre que conveniente, sem, porém, querer resolver nada.

Por tudo isso, o futebol brasileiro perdeu sem ter nem possibilidade de concorrência para Ednaldo. Espero que os clubes tenham percebido a burrice que é não trabalharem juntos, formar uma liga e se tratarem como sócios, não como inimigos, e assumirem a gestão do Campeonato Brasileiro para começar a resolver esses problemas.

Vai demorar mesmo que comece agora, mas vai demorar mais ainda se não começar. Parece que finalmente os clubes entenderam que ter dois grupos, LFU e Libra, e caminham para formar uma liga. Algumas vozes mais racionais começaram a ser ouvidas para que tudo isso saia do papel. Espero que tenha chegado a hora de deixarem os conflitos entre si e passarem ao conflito que realmente importa: com a CBF.

https://newsletter.meiocampo.net/p/parece-que-acharam-um-time-em-paris

Expand  

A solução pra isso foi elaborada, dado início e implodida pelos próprios clubes lá em 1987.  38 anos depois continuamos com os mesmo problemas, outros mais e sem vislumbrar uma luz no fim do tudo.

Postado
  Em 15/03/2025 em 12:41, Leho. disse:

Texto pertinente (e que bate com a opinião do criador do tópico @pavel, salve!) do excelente Felipe Lobo, da newsletter Meiocampo:

---

Ronaldo, CBF e a derrota do futebol brasileiro
Federações não quiseram falar com Ronaldo porque acreditam no ótimo (risos) trabalho de Ednaldo na CBF. Quem perde é o futebol brasileiro

Por Felipe Lobo

https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F92723d10-876e-44a4-bbf5-5622a3bdcee6_1296x729.jpeg
Ronaldo desistiu da candidatura à CBF (Reprodução)

 

A desistência de Ronaldo de ser candidato à presidência da CBF veio de uma forma que descreveria como decepcionado, mas não surpreso. Independente do que seria uma possível administração de Ronaldo, o episódio significa uma derrota do futebol brasileiro.

Ronaldo indicou algumas mudanças e isso parece já assustar. Nenhuma federação se dispôs a apoiá-lo. Pior ainda: 23 delas sequer quiseram conversar. As respostas foram combinadas com o próprio Ednaldo, em um ato de subserviência das federações. Aliás, quatro delas sequer responderam ao pedido de Ronaldo.

Só uma federação aceitou ouvir Ronaldo: a de São Paulo. Reinaldo Carneiro Bastos recebeu o Fenômeno, concordou com algumas insatisfações que o ex-jogador levantou e até discordâncias em relação a Ednaldo. Ainda assim, deixou claro que não apoiaria Ronaldo. Reinaldo Carneiro Bastos só aceita se opor a Ednaldo se ELE for o cabeça da chapa.

A resposta das federações mostra o buraco que estamos.

"Estamos comprometidos com a continuidade da atual gestão da CBF, comandada pelo presidente Ednaldo Rodrigues. Sua administração, de uma forma ampla e democrática, tem realizado importantes investimentos em diversas categorias do futebol brasileiro, desde as categorias de base até os campeonatos nacionais, com especial olhar e atenção a Série D, ao futebol feminino e a projetos sociais e estruturais, que visam o fortalecimento do nosso esporte", dizia a resposta ao e-mail de Ronaldo, segundo matéria de Pedro Ivo Almeida, na ESPN.

Um texto que parece vir direto daquele mundo em que a CBF é o Brasil que dá certo, que Carlos Alberto Parreira se referiu em 2014. Parece não ter muita conexão com a realidade. Essa realidade descrita pelos presidentes de federações não parece levar em conta os problemas dos seus próprios clubes.

Os clubes da Série C pedem há anos que o calendário da competição siga o padrão da Série A e B e seja em pontos corridos, com turno e returno, para que os clubes tenham mais calendário. A CBF decidiu ignorar e manteve tudo como está.

A razão é simples: economizar. A CBF banca toda a logística dos clubes das Séries C e D e ter mais rodadas e mais jogos significaria mais gasto para a entidade. Para os clubes, seria fundamental: permitiria ter mais receitas com bilheteria, com patrocínios, com transmissão de TV. Ajudaria a manter os clubes ativos por mais tempo no ano, o que ajuda com programas de sócio-torcedor e ajuda a manter a própria existência desses clubes. Mas a CBF não quer. As federações estão satisfeitas. Os clubes, aparentemente, não estão.

Aliás, os clubes precisam aqui ser responsabilizados. Em 2017, a CBF reduziu o poder dos clubes ao reduzir o peso dos seus votos. Fez isso porque a Lei do Profut exige que os clubes sejam representados na eleição das confederações dos seus esportes, como é a CBF.

Para driblar essa lei, a CBF tirou o peso dos clubes. Federações passaram a ter peso 3, clubes da Série A peso 2, clubes da Série B peso 1. Na prática, significa que as federações escolhem sozinhas o presidente da CBF. Era o que o então presidente da CBF queria.

O movimento era considerado ilegal, porque essa decisão foi tomada a portas fechadas apenas com as federações, sem os clubes. Os clubes teriam todos os motivos para não aceitarem isso, certo? Pois aceitaram. O que eles pediram foi muito pouco: apoio da CBF à liga para organizar o Campeonato Brasileiro. Pediram ainda a mudança do diretor de competições. Pouquíssimo. E sem garantia alguma, inclusive.

Os clubes foram omissos, trocaram o poder político por uma promessa vazia. E, até agora, não conseguiram formar liga alguma. Esse acordo aconteceu em 2022, depois da passagem de Rogério Caboclo pela CBF – com uma eleição considerada irregular, o que o tirou do cargo, além de escândalos que pesaram para que ele saísse.

Desde então, Ednaldo Rodrigues assumiu o cargo e vem se mantendo ali, graças a um acordo no STF, mesmo com um claro conflito de interesse em quem julgou. Os clubes, como sempre omissos e burros, nunca se opuseram a Ednaldo mesmo assim.

Em 2025, teremos um problema de calendário imenso: as duas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro batem com as datas do Intercontinental da Fifa (o antigo Mundial de Clubes anual). O torneio começa no dia 10 de dezembro e o Brasileirão vai até o dia 21 do mesmo mês. Os jogos envolvendo o campeão da Libertadores serão nas mesmas datas das rodadas 35, 36 e 37 do Brasileirão. O que a CBF irá fazer? Ela não sabe e vai discutir com os clubes, segundo Ednaldo.

É só mais uma pílula de estupidez da CBF na gestão do futebol brasileiro. Temos os estaduais, que ocupam um espaço inaceitável do calendário (e na prática já deveriam ter virado a Série E do Brasileiro sem os clubes de divisões acima); temos os problemas com a arbitragem, sem padrão, sem critério, sem treinamento adequado; temos o problema dos gramados, sempre problemáticos e sem padronização.

Enfim, temos muitos problemas graves que não são resolvidos. São constantemente jogados para baixo do tapete por dirigentes sedentos por poder na CBF – Ednaldo é só mais um deles –, por federações mais preocupadas com a mesada da CBF do que com o futebol do seu estado e por clubes omissos e burros, que se apequenam para jogar a culpa na CBF sempre que conveniente, sem, porém, querer resolver nada.

Por tudo isso, o futebol brasileiro perdeu sem ter nem possibilidade de concorrência para Ednaldo. Espero que os clubes tenham percebido a burrice que é não trabalharem juntos, formar uma liga e se tratarem como sócios, não como inimigos, e assumirem a gestão do Campeonato Brasileiro para começar a resolver esses problemas.

Vai demorar mesmo que comece agora, mas vai demorar mais ainda se não começar. Parece que finalmente os clubes entenderam que ter dois grupos, LFU e Libra, e caminham para formar uma liga. Algumas vozes mais racionais começaram a ser ouvidas para que tudo isso saia do papel. Espero que tenha chegado a hora de deixarem os conflitos entre si e passarem ao conflito que realmente importa: com a CBF.

https://newsletter.meiocampo.net/p/parece-que-acharam-um-time-em-paris

Expand  

Valeu pelo texto, cara. É bem a minha visão mesmo. Por essas e outras que meio que "perdi o tesão" no nosso futebol. Acompanho alguns jogos dos clubes que tenho mais simpatia, mas normalmente fazendo outra coisa junto. E estou mais feliz com a assinatura da MLS Season Pass (que por sinal é bem mais barata que nosso PPV), do que com nosso futebol.

Participe da Conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Cadastre-se Agora para publicar com Sua Conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emoticons são permitidos.

×   Seu link foi incorporado automaticamente.   Exibir como um link em vez disso

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar Editor

×   Você não pode colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

×
×
  • Criar Novo...