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O moedor de jogadores

por Bruno Bonsanti

 

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Bruno Fernandes: talvez a única grande contratação que deu certo no Manchester United (reprodução)

 

Cruzei esta semana com uma lista das contratações mais caras da história do Manchester United. Também poderia ser um ranking das piores contratações de todos os tempos. A única que sem nenhuma dúvida foi bem-sucedida era a de Bruno Fernandes, e ainda assim, o cara foi expulso três vezes nesta temporada antes do Natal.

O engraçado daquela lista é que, com a exceção de Bruno, todas as contratações variam entre o desastre e o por que você gastou 70 milhões de euros num maluco que fez nove gols pela Atalanta, mas, embora realmente caras, a maioria era justificada na época.

Qualquer lista de melhores meias jovens do mundo incluiria Pogba. Provavelmente no topo. E ele estava voltando para casa. Não tem provavelmente com Casemiro: ele era o melhor volante do mundo. Acabara de ter um papel central em um dos períodos mais vitoriosos da história do clube mais vitorioso da Europa. Jadon Sancho comia a bola no Borussia Dortmund, Di María havia brilhado na final da Champions League e Harry Maguire era um zagueiro alto, forte, excelente no jogo aéreo, com experiência de Premier League e perfeitamente moldado para o futebol inglês.

Brincadeira. Maguire só não é o pior da lista porque logo acima tinha o Antony.

Então pode ser que tudo tenha sido uma ilusão, e Casemiro foi pentacampeão europeu por acidente, e Sacho na verdade pisava na bola e foi tudo uma conspiração da geração de imagens da Bundesliga, ou, o mais provável, é que o Manchester United destrói jogadores. O que nem é novidade. Falamos sempre sobre isso. O que chama um pouco de atenção é agora termos um exemplo de um processo totalmente interno, com alguém que eles não contrataram.

Sempre que Marcus Rashford colocava a bola nas redes, ele apontava para a cabeça. Durante alguns meses depois da Copa do Mundo do Catar, isso aconteceu de duas a três vezes por semana. Não é incomum quando o jogador ainda está em formação: do nada, tudo clica e eles mudam de patamar.

Parecia que isso tinha acontecido. Parecia que ele havia descoberto o segredo. O segredo que transforma ótimos jogadores em algo mais. O segredo que o transformou em um atacante que deixava os marcadores comendo poeira e ziguezagueava com propósito, que era capaz de marcar dez gols em dez rodadas da Premier League, atordoar o Barcelona no Camp Nou e liderar o Manchester United a um título.

O segredo era este: “Futebol é provavelmente 95% mentalidade. Muitos jogadores têm habilidade, mas o que os diferencia é mentalidade. Estive nos dois lados dela. Entendo a sua força e o seu valor”.

Certo. Então esse mesmo jogador que atribuiu o melhor momento da sua carreira à mentalidade acabou de ser emprestado ao Aston Villa depois de dois anos em que teve uma vida noturna tão agitada e uma diurna tão acomodada que levou o seu técnico a dizer que preferia colocar o treinador de goleiros de 63 anos em campo se ele não melhorasse a atitude.

Sem trocadilhos, como diabos isso aconteceu?

Eu não tenho a resposta. Talvez em algumas semanas saia alguma reportagem dizendo que ele teve algum problema pessoal, talvez não, ele não seria o primeiro jogador que de repente decidiu não levar mais a carreira tão a sério por qualquer motivo que seja, mas meio que não importa porque meu objetivo não é crucificá-lo e nem o isentar de responsabilidade e muito menos tentar determinar se a decisão de barrá-lo e deixá-lo sair foi exagerada ou correta.

O Manchester United nunca poderia ter permitido chegar a esse ponto. Não com um dos seus.

Rashford nasceu na cidade. Chegou ao clube aos sete anos. Era para ele ser o líder da era pós-Alex Ferguson, a ligação direta com a comunidade, o pedacinho de hiperlocal na liga mais globalizada do mundo, o jogador com o qual o torcedor mais se identifica, e uma reportagem do The Athletic explorou o quanto isso pode ser um fardo pesado em Manchester. Mas a parte que mais me atraiu foram algumas declarações de dois ex-jogadores do United.

“Nós tínhamos profissionais de personalidade forte no vestiário para nos manter na linha. Jogadores como Bryan Robson e Steve Bruce. Eles estabeleciam o tom, nos diziam o que era ou não era aceitável. Eles sabiam quem era quem em Manchester, quem e que lugar evitar. Onde estão esses líderes agora? Acima deles, você tinha o técnico (Ferguson) que sabia ainda mais”.

Acima de tudo, o problema central do Manchester United parece ser que a cultura do clube, de responsabilidade e cobrança, de todo mundo trabalhando na mesma direção por um objetivo em comum, engajados e investidos em ter sucesso, parece ter morrido com a aposentadoria de Ferguson, ou foi morrendo pouco a pouco, e os donos que nunca se interessaram muito pelo rolê e as pessoas que eles contrataram para gerir o departamento de futebol, incluindo um banqueiro de investimentos (!!), nunca conseguiram reconstruí-la.

Na ausência dela, mesmo alguém com uma cabeça que parecia tão boa quanto a de Rashford corre o risco de de repente perdê-la.

Isso é sempre difícil de medir olhando de fora, mas qual outra hipótese explica 12 anos de mediocridade tendo empregado pessoas tão talentosas quanto os jogadores citados no começo do texto e tantos outros que passaram como fantasmas por Old Trafford, ou treinadores como Louis van Gaal e José Mourinho e Ralf Rangnick? Hoje em dia quem treina o Manchester United está fadado a virar motivo de piada, mas Erik ten Hag é um bom técnico. Rúben Amorim é um bom técnico. Os outros três são lendas.

Bruno Fernandes é o capitão e tem personalidade de líder. Mas não adianta. Casemiro tem personalidade de líder. Não adianta. Cristiano Ronaldo tem personalidade de líder. Nada adianta. O problema não pode ser individual. Não pode ser que o Manchester United conseguiu errar 138 contratações consecutivas desde Wilfried Zaha, a última de Ferguson, e em mais de uma década não encontrou um jogador com presença de vestiário. Ele precisa ser mais amplo.

E não quero dizer que se Ferguson tivesse atirado uma chuteira na testa de Rashford tudo estaria resolvido. Foi mais ou menos o que Rúben Amorim tentou fazer com a declaração do treinador de goleiros. Talvez tenha sido tarde demais. Talvez essa abordagem não funcione mais hoje em dia. Mourinho fala bastante sobre como está diferente e mais difícil ter a atenção dos jogadores, motivá-los e administrá-los, atrair os seus olhos da tela do smartphone.

Mas os problemas de Rashford não acontecem em um vácuo. Acontecem em um clube do qual nenhum jogador sai melhor do que quando entrou. Nunca vou me convencer que Rashford, que aos 22 anos comprou briga com o governo britânico para alimentar crianças, era um caso perdido. Que um clube de futebol funcional não teria conseguido recuperá-lo. Que a bagunça do Manchester United não contribuiu para o seu gradual processo de desencanar.

Pelo amor de Deus, esse clube conquistou uma Tríplice Coroa enquanto Beckham namorava uma Spice Girl.

Não existe uma quantidade de derrotas para o Crystal Palace ou goleadas do Brentford que se compara a perder um prata da casa que dois anos atrás parecia um dos melhores jogadores do mundo dessa maneira. Rashford foi apenas emprestado com opção de compra. Pode ser que volte. Sabe-se lá quem será o treinador do Manchester United daqui a alguns meses, mas ainda bem que a Classe de 1992 não era a Classe de 2015.

Fonte: newsletter Meiocampo


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O completo limbo que se enfiou o gigante United é sempre uma parada meio difícil de se compreender, pra quem acompanha minimamente futebol europeu e tal. Na minha cabeça é algo extremamente complexo, que não dá pra ser resumido em poucos fatores nem quiçá em um único deles.

Agora, o texto do Bruno é mt bom, mas a parte em negrito ali é uma informação nova pra mim, em meio a essas tentativas de entender o que se passa com o Man United de verdade. E nisso a gente consegue entender um pouco mais do tamanho do buraco em que se meteu o clube, sem comando, sem norteamento, sem diretrizes, que hoje funciona apenas como um barco à deriva.

Triste.

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  Em 14/02/2025 em 17:17, Leho. disse:

Harry Maguire era um zagueiro alto, forte, excelente no jogo aéreo, com experiência de Premier League e perfeitamente moldado para o futebol inglês.

Brincadeira. Maguire só não é o pior da lista porque logo acima tinha o Antony.

Expand  

Posso estar enganado, mas o Maguire parecia ser ok no Leicester não parecia? Uma geladeira com arranque de balsa, mas ok.

 

E é bem difícil de achar o problema do United. Tá que você pode ter problemas em diretoria etc que atrapalham o desempenho do time, com falta de ambição ou não ter um planejamento bom pra contratações. Mas pô, no United acho que já fizeram de tudo, e TUDO deu errado.

Se a desculpa era falta de experiência e liderança, contrataram jogadores com essas características. Deu errado.

Se era falta de jogadores jovens pra formar um projeto a longo prazo, também deu ruim. Se era jogador no auge, também não deu certo. Estrangeiro, inglês? Nada.

Ah, pode ser estilo de jogo. Mete uma retranca aí... E se for posse de bola? Traz um cara da posse. Hum, e se trouxer um cara que já jogou aqui, que é cria do clube? Já sei, agora vai, técnico experiente. Ih, agola é uma contlatação infalível (o cara que manda no United deve ser o Cebolinha, nada que ele planeja funciona), tlaz um técnico jovem.

Cara, como pode isso tudo dar errado? Não precisava nem voltar a ser um United como era com o Ferguson, mas no mínimo tinha que competir por alguma coisa, e nem isso o time consegue. Deve ser alguma maldição que um torcedor do Liverpool e flamenguista (porque jogou ela no Vasco também) lançou pra cima desse clube, isso só pode ser coisa do Belzebu, cabeça de morcego, o mochila de criança, ele, o sete pele, o sinteco gelado. Não tem outra explicação.

  • Diretor Geral
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  Em 14/02/2025 em 22:08, EduFernandes disse:

Posso estar enganado, mas o Maguire parecia ser ok no Leicester não parecia? Uma geladeira com arranque de balsa, mas ok.

[...]

Expand  

Pior que eu não me lembro tão bem dele no Léster não, mas lembro que na época a contratação mesmo sendo salgadíssima, era algo que fazia sentido. Ele virou um bagre entregador de paçoca na sequência disso e já no United, hahahaha.

 

  Em 14/02/2025 em 22:08, EduFernandes disse:

[...]

E é bem difícil de achar o problema do United. Tá que você pode ter problemas em diretoria etc que atrapalham o desempenho do time, com falta de ambição ou não ter um planejamento bom pra contratações. Mas pô, no United acho que já fizeram de tudo, e TUDO deu errado.

Se a desculpa era falta de experiência e liderança, contrataram jogadores com essas características. Deu errado.

Se era falta de jogadores jovens pra formar um projeto a longo prazo, também deu ruim. Se era jogador no auge, também não deu certo. Estrangeiro, inglês? Nada.

Ah, pode ser estilo de jogo. Mete uma retranca aí... E se for posse de bola? Traz um cara da posse. Hum, e se trouxer um cara que já jogou aqui, que é cria do clube? Já sei, agora vai, técnico experiente. Ih, agola é uma contlatação infalível (o cara que manda no United deve ser o Cebolinha, nada que ele planeja funciona), tlaz um técnico jovem.

Cara, como pode isso tudo dar errado? Não precisava nem voltar a ser um United como era com o Ferguson, mas no mínimo tinha que competir por alguma coisa, e nem isso o time consegue. Deve ser alguma maldição que um torcedor do Liverpool e flamenguista (porque jogou ela no Vasco também) lançou pra cima desse clube, isso só pode ser coisa do Belzebu, cabeça de morcego, o mochila de criança, ele, o sete pele, o sinteco gelado. Não tem outra explicação.

Expand  

Cebolinha foi foda, KKKKKKKKKKKK!

Mas é isso aí mesmo, por isso eu digo que pra diagnosticar o problema ali não algo tão simples de se fazer, porque eles já tentaram DE TUDO, mas de tudo MESMO hahahahahah! Nem o Robozão deu jeito porra, e ainda saiu "enxotado" pelo Ten Hag.

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