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Henrique M.

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  • Vice-Presidente
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Os lances acima ocorreram no jogo entre Ipswich e Burton pelo equivalente à terceira divisão inglesa. O atleta é o mesmo, e ele é um zagueiro de 19 anos que está emprestado pelo Arsenal.

Eu lancei uma pergunta num grupo de WhatsApp e gostei das respostas e achei bacana trazer o debate para cá. Lá eu fiz apenas uma pergunta, com viés mais do lado do treinador. Aqui, vou fazer mais perguntas, para que possamos iniciar um debate e realmente possamos pensar um pouquinho sobre aquilo que nos agrada, seja em termos de estilo de jogo, seja em termos do que os atletas em campo e debater futebol com um pouco mais de qualidade e nos forçar a ir além do simples. Isto posto, vamos as perguntas:

1) Se você fosse o treinador, como vocês lidariam com esse tipo de comportamento do zagueiro durante o jogo? (Aqui o objetivo é vocês pensarem no que acreditam como que o futebol do seu time deve ser jogado, analisar mais friamente a situação, se é um comportamento que vocês gostam ou não num atleta dessa posição, por exemplo)

2) Como torcedor, quão confortável você se sentiria ao ver seu zagueiro fazendo isso durante um jogo? (Aqui é para você botar seu coração de torcedor na linha, talvez avaliar as opções que seu time tenha para a zaga, se eles inspiram confiança jogando com os pés e qualquer coisinha mais).

3) Se você fosse o treinador, que aspectos avaliaria para decidir se esse é um comportamento útil ou não para seu time? (O atleta é titular do seu time, já são 11 jogos com uma média de 86 minutos jogados. Ou seja, aqui é para excluir o que você pensa sobre o comportamento e se colocar no lugar do treinador do Ipswich e pensar o que você utilizaria para decidir se o comportamento é útil).

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Antes de responder as perguntas vou fazer um disclaimer para explicar como eu vejo essa situação.

Primeiro, parto do pressuposto de que os zagueiros tem menos habilidades técnicas (para isso) do que outros jogadores. Segundo, parto do pressuposto de que quanto mais próximo da sua própria trave, mais um erro pode resultar num gol do adversário. Terceiro, o que diz qual é a melhor ação para uma determinada situação não é o resultado da ação, mas as possibilidades de cada ação.

Todos esses pressupostos são relativos, e não absolutos, porque tratam de tendências. Isso significa que um zagueiro pode vir a ter a mesma qualidade técnica de um atacante, ou mais, mas essa não é a tendência. Significa também que, a depender da situação de jogo, driblar mais próximo da sua própria trave pode ser menos perigoso do que driblar mais longe.

É importante ressaltar que estamos falando aqui de tendências, porque só através desse tipo de julgamento podemos analisar situações reais de jogo. Ou seja, parte-se do pressuposto de que existe uma jogada ótima para cada situação de jogo. O problema é que, como o futebol é muito complexo e envolve infinitas variáveis, é difícil concluir o que é melhor. Para isso, criamos modelos e damos nomes às coisas, dando uma sensação de ordem compreensível à mente e que possibilite a comunicação.

Para terminar esse disclaimer, vou utilizar o exemplo do poker. No poker, não se avalia a qualidade de uma jogada pelo seu resultado, mas pela média dos resultados. Ou seja, se avalia pelo resultado esperado. Isso é a mesma coisa que dizer que, ainda que um raise com uma trinca de reis tenha dado errado contra uma quadra de dois, na média, dada essa situação, vale a pena dar esse raise, ainda que esse resultado em particular tenha sido negativo. Da mesma forma, não é porque um chute do meio do campo deu certo que todo mundo deve começar a arriscar do meio do campo.

 

1) Se você fosse o treinador, como vocês lidariam com esse tipo de comportamento do zagueiro durante o jogo? (Aqui o objetivo é vocês pensarem no que acreditam como que o futebol do seu time deve ser jogado, analisar mais friamente a situação, se é um comportamento que vocês gostam ou não num atleta dessa posição, por exemplo)

Eu ficaria puto, e ficaria mais puto à medida que eu soubesse o quanto o zagueiro é tecnicamente ruim e esse lance tenha sido resultado do que chamamos de cagada.

O grande problema nesse lance é a relação risco-oportunidade. O risco ao qual o time está oposto me parece muito maior do que o benefício potencial da jogada. Se o drible dá certo, como deu, ele avança e cria uma situação melhor, mas não muito melhor. Se ele perdesse a bola, a chance de tomar um gol seria gigantesca. Então, qual o ponto de fazer uma jogada dessa, se o resultado esperado (essa jogada repetida infinitas vezes) é negativo?

Entretanto, como comunicar isso ao jogador e ao grupo? As pessoas ficam muito contrariadas porque o que ela vêm é o resultado, não as possibilidades. Então, a comunicação desse sentimento ao jogador, junto com novas ordens, deve levar em consideração como tanto o jogador quanto o grupo veem esse tipo de ação.

Se essa habilidade for algo muito especial e se demonstrar consistente, então valeria a pena explorá-la de uma forma mais segura, moldando para a estrutura do time.

2) Como torcedor, quão confortável você se sentiria ao ver seu zagueiro fazendo isso durante um jogo? (Aqui é para você botar seu coração de torcedor na linha, talvez avaliar as opções que seu time tenha para a zaga, se eles inspiram confiança jogando com os pés e qualquer coisinha mais).

Eu iria pensar como treinador, na verdade. O problema é que eu não teria como fazer essas análises das dinâmicas sociais, e nem teria todo o conjunto de assessores para avaliar as características específicas do jogador. Nós, como torcedores, mesmo sendo do tipo que acompanha absolutamente tudo do time (que não é o meu caso), simplesmente não temos como saber se o jogador Y está correndo bastante naquela semana, como é o desempenho dele específico ao longo dos treinos, etc.

Levando isso em consideração, eu ficaria puto, mas também ficaria feliz. Seria uma reação mista. Acho que, de forma geral, partindo apenas de dois lances num jogo, eu ficaria menos seguro com ele jogando nessa posição.

3) Se você fosse o treinador, que aspectos avaliaria para decidir se esse é um comportamento útil ou não para seu time? (O atleta é titular do seu time, já são 11 jogos com uma média de 86 minutos jogados. Ou seja, aqui é para excluir o que você pensa sobre o comportamento e se colocar no lugar do treinador do Ipswich e pensar o que você utilizaria para decidir se o comportamento é útil).

Primeiro, eu verificaria se é um comportamento recorrente. Segundo, eu verificaria quantas vezes esse comportamento causou danos ao time, ou gerou oportunidades interessantes. Depois teria uma conversa com o jogador e com os jogadores imediatamente impactados, como os companheiros de defesa. O que o grupo, como conjunto, pensa desse tipo de situação. E só aí acho que seria razoável tomar algum tipo de decisão.

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Sendo treinador, iria começar a testar na volância. Bastante técnica e sabe sair jogando.

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59 minutos atrás, Mantrax disse:

Sendo treinador, iria começar a testar na volância. Bastante técnica e sabe sair jogando.

Aí que está o lance todo, porque um zagueiro não pode ter essas características? Dependendo do modelo de jogo proposto pode ser muito útil. 

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1) É algo que pra mim seria influenciado pelo momento do time, na partida, no campeonato etc. Gosto da ideia de ter alternativas diferentes como essa durante o jogo, mas não é algo que se faça do nada, com tanta frequência. Precisa ter uma certa comunicação antes, digo nos treinamentos mesmo, essa ideia ser levantada e treinada pra dar em algo.

 

2) Ia xingar muito no Twitter. TEM MEIA PRA QUE, Ô DESGRAÇA? QUER DRIBLAR VIRA PONTA.

 

3) Não acho ruim um zagueiro ser tão bom tecnicamente assim, mas a minha prioridade pra jogador de defesa, principalmente goleiro e zagueiro, é a capacidade defensiva. Não vejo vantagem no cara ser um deus do passe e uma peneira defendendo (olar, Stones). Se o zagueiro for BÃO, e a situação do time fosse boa, controlando o jogo e tals, acharia a ideia interessante. Pra ser uma alternativa de jogo mais frequente, o jogador precisaria ser um dos mais focados do time e um dos com a melhor tomada de decisão. É algo que se errar, traz um problema muito grande pro time, nem sempre vale a pena arriscar tanto porque o zagueiro tem síndrome de atacante. Uso o Umtiti de exemplo, no auge dele era um paredão na defesa e ainda saia jogando bem, depois que fez força pra acabar com o joelho, atualmente deixar ele avançar pra jogar é pedir pra tomar gol, totalmente desajeitado e lento. 

 

////////

 

O Bartra uma vez fez algo parecido, se não me falha a memória, contra o Osasuna. Eu acho até que foi no mesmo jogo do único gol do Mascherano pelo Barça. Ele arrancou da defesa, driblou até a mãe e meteu um golaço. No dia foi muito épico, mas né, é o Bartra, onde o Stones estudou ele fez faculdade (frase bem esquisita, hein Dennis DJ?). Um cara assim não dá pra confiar numa linha de quatro, no máximo como líbero em um trio de zaga.

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4 horas atrás, bstrelow disse:

Aí que está o lance todo, porque um zagueiro não pode ter essas características? Dependendo do modelo de jogo proposto pode ser muito útil. 

É uma questão de melhor aproveitamento de características. Por mais que possa ser útil num zagueiro, seria muito melhor mais a frente e menos perigoso caso não desse certo.

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4 minutos atrás, Mantrax disse:

É uma questão de melhor aproveitamento de características. Por mais que possa ser útil num zagueiro, seria muito melhor mais a frente e menos perigoso caso não desse certo.

Mas é só pq já definiram que essas características são de um volante, não de um zagueiro. Como falei antes, o modelo de jogo pesa aí, hoje mais cedo conversei sobre isso com o Henrique e ele me lembrou disso. Se o cara é pika defendendo e tem uma saída de bola boa dessas, pode ser o sonho de um Diniz, por exemplo kkkkk

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1 minuto atrás, bstrelow disse:

Mas é só pq já definiram que essas características são de um volante, não de um zagueiro. Como falei antes, o modelo de jogo pesa aí, hoje mais cedo conversei sobre isso com o Henrique e ele me lembrou disso. Se o cara é pika defendendo e tem uma saída de bola boa dessas, pode ser o sonho de um Diniz, por exemplo kkkkk

Eu entendo o que você quer dizer, mas mantenho o que disse. Você pode ter um zagueiro técnico que faz esse tipo de jogada na frente do gol ou ter um volante que faz o mesmo próximo a linha do meio campo. 

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Como treinador, encorajaria, principalmente se treinado, e a partir das características do jogador. Pra cada subida de um cara desses tem que haver uma compensação defensiva. Ao zagueiro, está liberado driblar e se lançar (meu estilo de jogo seria baseado no aproveitamento de oportunidades a partir da geração de surpresas), mas, ao contrário dos jogadores mais ofensivos, não pode decorrer de inventividade, justamente pelo risco de tomar gol. (isso responde a 1 e a 3)

Como torcedor, um infarto a cada lance desse

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1) não faria nada. É uma situação de jogo. Mas não sou adepto a jogo de posição (mesmo eu sendo fã de um). Então para mim, o atleta precisa ter uma boa gama de ferramentas para a resolução de um problema e não agir x ou y em cada situação que aparecer em sua frente. 

2) ficaria muito feliz. Mas torceria para o técnico testar em outras posições que não prejudiquem a equipe. Se não vira David Luiz 2.0

3)Para mim, o atleta tem que ter ferramentas suficientes para a resolução de problemas dentro de campo que ele encontrar. Quanto maior o domínio de ferramentas (saber driblar, posicionar, dominar a bola, saber chutar de três dedos, corte seco, etc) melhor será para ele e para o time. 

Sobre ser útil ou não. Eu como treinador não posso decidir isso, se naquele momento o atleta achou que deveria fazer o drible, por mim tudo bem. Contanto que tenha organização tática e que o plano tenha se mantido durante a partida, não ligo se ele driblou, se girou com pisada em cima da bola ou deu drible da vaca ou simplesmente tocou a bola para seu companheiro. 

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