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E se... o Brasil se separasse?


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Dado que escrevi sobre o Nordeste e o Sul anteriormente, decidi terminar a fantasia no Brasil. Nesse tópico serão abordados três novos países, em menos detalhes do que os dois anteriores: República Federativa do Brasil (ou o que restou dele), República de São Paulo e República Verde da Amazônia.

Como essas criações adicionam quatro países à Libertadores e à Sulamericana, tive que reformulá-las, e algumas informações do Nordeste e do Sul já não são mais canônicas. hehe

Na Libertadores, 18 times entram na 1ª eliminatória e os 9 vencedores enfrentam 3 times que entram direto na fase seguinte. Desses 12, 6 conquistam uma vaga para a Fase de Grupos, na qual já estão garantidos 26 times, sendo 24 das competições nacionais mais os campeões da Libertadores e da Sulamericana do ano anterior.

Na Sulamericana, duas fases também antecedem a Fase de Grupos. Ambas as competições estão esquematizadas abaixo.

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Prefácio

Spoiler

 

A partir de hoje (06/05/20) darei início a um projeto que idealizei há muito tempo e que veio se materializando nos últimos dias. Eu gosto muito de história e geografia, e o futebol me interessa, na maior parte, nos que se liga a essas matérias. A economia, as questões sociais, geopolíticas e históricas que envolvem o esporte são muito mais interessantes pra mim do que o jogo em si, “dentro das 4 linhas”.

Há anos, editei um update no Football Manager com o título “O Sul é o meu País!”, no qual eu criei uma breve história sobre a separação da Região Sul do Brasil, tornando-se um país independente, com as devidas implicações disso no futebol. Vale ressaltar aqui que não sou nem nunca fui separatista, e fiz o update apenas para exercício intelectual e diversão. Da mesma forma, também separei a Padânia, região centro-norte da Itália, do resto do país, e cheguei a projetar um update parecido com a criação de República do Nordeste.

Essas simulações ficam bem mais interessantes quando há de fato uma proposta, alguma movimentação sobre o tema. Por isso, uma criação da Euskadi (País Basco, Pátria Basca) é mais interessante do que, sei lá, uma eventual junção entre França e Itália (?). Se colocarmos a questão “como seria a seleção do Império Romano?”, as coisas já começam a mudar, e isso depende muito do público que está consumindo essa informação e esse entretenimento.

Tentarei, na medida dos meus conhecimentos e habilidades, divagar com uma razoável demonstração do contexto histórico, situação política, apresentação de mapas e imagens, entre outras coisas, tentando tornar o exercício o mais profundo possível sem se tornar enfadonho.

É claro, é sempre um exercício de imaginação, e não um estudo sério. É, no final, uma brincadeira. Por isso, vou utilizar este tópico para escrever algumas besteiras, e conto com a colaboração de vocês, apontando os erros e os acertos, as opiniões divergentes e as ideias para próximas análises.

 

Primeiro tópico: E se... a Itália se separasse?

Segundo tópico: E se... o Nordeste se separasse?

Terceiro tópico: E se... o Sul se separasse?

 

E se... o Brasil se separasse?

 

 

Resto do Brasil: República de São Paulo, República Verde da Amazônia e a nova República Federativa do Brasil.

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Um pouco de contexto

Dado que estarei falando sobre três novos países no mesmo post, serei mais breve nos detalhes. Decidi juntar o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul com a Região Norte, e não com São Paulo ou com o que restou do Brasil.

Os novos três países têm características bem conhecidas: São Paulo é muito populoso e industrializado, com 46 milhões de habitantes; a Amazônia é gigante em área, mas sua população de 25 milhões de pessoas é muito esparsa e mal conectada, dispondo de péssima infraestrutura; e o Brasil, ou melhor, o que sobrou dele, por sua vez, mantém boa parte das características brasileiras facilmente identificáveis mais uma população de 53 milhões de pessoas.

A Amazônia é composta por todos os estados da Região Nordeste mais Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enquanto o Brasil é composto pela Região Sudeste mais Goiás e Distrito Federal, menos São Paulo.

Abaixo, uma breve ficha dos países e suas posições nas respectivas categorias, mundialmente, acompanhada dos países que mais se aproximam:

 

Área

Brasil: 1,021 milhão km² (29º) - Egito

São Paulo: 248 mil km² (74º) – Reino Unido

Amazônia: 5,113 milhões km² (7º) – entre Índia e Austrália, ou quase o dobro da Argentina

População

Brasil: 53 milhões hab. (26º) – Coréia do Sul

São Paulo: 46 milhões hab. (31º) – Argentina ou Espanha

Amazônia: 25 milhões hab. (55º) – Camarões ou Austrália

Densidade:

Brasil: 51,9 hab/km² (126º) – Camarões ou Irã

São Paulo: 184,99 hab/km² (52º) - Itália

Amazônia: ~ 5 hab/km² (185º) – Canadá

PIB

Brasil: 372 bilhões US$ (26º) – Argentina ou Noruega

São Paulo: 442 bilhões US$ (27º) – Nigéria ou Áustria

Amazônia: 115 bilhões US$ (58º) – Marrocos

PIB per capita (PPP)

Brasil: US$ 7.020 (82º) – Irã ou Gabão

São Paulo: US$ 9.629 (65º) – Rússia ou Bulgária, a frente da Argentina

Amazônia: US$ 4.634 (95º) – Paraguai ou África do Sul
 

Lista de cidades mais importantes (em milhões):

Brasil: Rio de Janeiro-RJ (6,7), Brasília-DF (3,0), Belo Horizonte-MG (2,5), Goiânia-GO (1,5), São Gonçalo-RJ (1,1), Duque de Caxias-RJ (1,0), Nova Iguaçu-RJ (0,8), Uberlândia-MG (0,7) e Contagem-MG (0,7). Desses 9 municípios, 4 fazem parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. O domínio não é tão intenso quanto da capital paulista, mas ainda assim salta aos olhos.

São Paulo: São Paulo (12,1), Guarulhos (1,4), Campinas (1,2), São Bernardo (0,9), Santo André (0,7), São José (0,7), Osasco (0,7), Ribeirão Preto (0,7 e Sorocaba (0,7). A exemplo do Rio de Janeiro, desses 9 municípios, 5 fazem parte da Região Metropolitana de São Paulo, reforçando a centralização futebolística em torno da capital.

Região Norte: Manaus-AM (2,2), Belém-PA (1,5), Campo Grande-MS (0,9), Cuiabá-MT (0,6), Porto Velho-RO (0,5), Ananindeua-PA (0,5) e Macapá-AP (0,5). Os polos habitados se concentram basicamente nas duas pontas de uma ligação no Rio Amazonas, que vai de Manaus ao litoral. Embora Belém não esteja exatamente onde desemboca o rio, está praticamente do lado da foz.

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E se...

Feita a breve apresentação sobre os novos países, de forma bem mais resumida que as anteriores, vamos ao que interessa. Novamente, não são relevantes os motivos da separação. Podemos pensar numa grande quebra de laços de lealdade institucional e de equilíbrio de poder entre as elites regionais, causando uma ruptura generalizada no Brasil. O que importa é: O que aconteceria com o futebol? Qual seria a força desses novos campeonato divididos e dessas seleções?

Começarei por apresentar como poderiam ser as novas organizações, com as devidas divisões e os times que as compõem. Depois, vou abordar a nova dinâmica que surgiria dessa situação, o impacto nos clubes e as possibilidades internacionais. Por último, vou propor uma seleção nacional, abordando também o impacto na seleção canarinho.

 

Vagas na Libertadores

A criação de um novo país, com certeza, mexeria na distribuição das vagas para as competições continentais, tanto para a Libertadores quanto para a Sulamericana. Como mudei a hipótese inicial para os textos sobre o Sul e o Nordeste, isto é, de que o resto Brasil se manteria unido, fiz também uma nova proposta de distribuição de vagas para a Libertadores e para a Sulamericana.

 

A nova realidade

Tanto para os times do Rio de Janeiro quanto para os times de São Paulo, o impacto seria gigantesco.

A média de público nesse cenário hipotético é algo difícil de definir, pela quantidade de variáveis envolvidas, e qualquer opinião estará sujeita a várias críticas. Levei em consideração as médias dos Campeonatos Brasileiros e dos campeonatos estaduais, conjecturando o impacto que a ausência de vários clubes grandes teria sobre essas médias.

No caso de São Paulo, podemos nos basear, mais ou menos, no Campeonato Paulista, utilizando as outras competições como agregadoras. Nos casos do Brasil e da Amazônia, temos que pensar um pouco melhor, caso a caso, se a melhor métrica é o Estadual ou o Nacional e qual peso dar a cada coisa.

 

O futebol no Brasil

 

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O primeiro caso, dada as quantidades exorbitantes de torcedores de Flamengo e Vasco fora de seus Estados, seria mais grave. Ambos possuem a maior parte de suas torcidas fora do Rio de Janeiro, respectivamente, 74% e 71%. O Flamengo veria sua vantagem em relação a seus pares despencar, em comparação com sua situação atual, enquanto o Vasco, de 5ª maior torcida do Brasil, passaria a ser a 4ª maior torcida do novo país.

A média de público não sofreria tanto. Como sempre foi pregado no futebol brasileiro, qualquer clube pode ser campeão. Sabemos que, na atualidade, isso não é real há mais de uma década. No novo Brasil, entretanto, isso poderia voltar a ser verdade. Isto é, à exceção do Flamengo, que continua sendo o maior clube com certa vantagem. Entretanto, em bons anos, todos os outros grandes podem fazer frente, além de sempre estarem disputando umas das vagas na Libertadores.

O grande problema do futebol de clubes no novo país é a ausência de uma "classe média" sólida, futebolisticamente falando. À parte dos grandes, há uma fatia representada por Atlético-GO, Vila Nova e América-MG, e abaixo disso, é tudo meio que mais do mesmo. Abaixo disso, à exceção, talvez, de Gama e algum time do Espírito Santo, não há uma força média.

 

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O futebol em São Paulo

Em São Paulo, o mais afetado seria o Palmeiras, único a ter a maior parte dos seus torcedores fora do Estado. No lado oposto, e em contraposição à crença majoritária, o Santos seria o mais beneficiado, dado que os alvinegros praianos tendem a se concentrar, majoritariamente, dentro de São Paulo.

A média de São Paulo sofreria um pouco mais, em comparação com o Brasil. Ainda que o orgulho paulista seja considerado, essa é uma competição espelho do campeonato estadual. É claro que tem mais peso e dá vaga na Libertadores, mas seria muito difícil para o quatro grandes se sentirem motivados ao jogar contra os times menores.

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O futebol na Amazônia

 

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Na República da Amazônia, a situação é mais complexa, difícil de analisar. Por um lado, comparativamente, Remo e Paysandu são os que menos têm a ganhar, já que são os únicos dois times do país absolutamente consolidados. Por outro, à parte de Manaus, é difícil fazer um julgamento. Os manauaras possuem um grande potencial, dado que a adoção dos clubes locais, ainda que por uma pequena parte da população, já os tornaria competitivos no cenário nacional. Se houver concentração em torno de um clube, este pode vir a se tornar o melhor time do país.

Fora dos dois principais polos, se destacam o Cuiabá, que vem fazendo um trabalho interessante, e a cidade de Campo Grande, que pode ver sucesso se passar por um processo como o sugerido para Manaus.

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Seleções nacionais

Existiria um grande equilíbrio entre as seleções brasileira e paulista. Acho realmente difícil dizer quem teria um primeiro time melhor. São Paulo tem vantagem no gol e na zaga, mas perde na lateral direita. Na esquerda, há empate. No meio, clara vantagem do Brasil. No ataque, São Paulo superior.

A seleção da Amazônia se revelou mais forte do que eu tinha imaginado. Muito obrigado ao Football Manager, inclusive. Do meio pra trás é claramente melhor que do meio pra frente, entretanto. Seria uma seleção bem defensiva? 

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