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Querem nos colonizar atacando nosso futebol


Henrique M.

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  • Vice-Presidente
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O ataque ao futebol brasileiro é a colonização do País
Nos dominam culturalmente para dominar politicamente e assim roubar nossa riqueza

Se é fato que o brasileiro forma sua personalidade aprendendo a chutar uma bola, a torcer para um time de futebol ou na hipótese menos intensa olhando os adultos mais próximos envolvidos na emoção desse esporte, é fato também que entre as camadas médias da população, normalmente aquelas que têm maior informação há uma propaganda ideológica que diz que o futebol seria um mal, um elemento de “alienação” do povo. Tal ideologia chega inclusive ao ponto de atribuir ao esporte bretão a culpe pelas mazelas do País. Quem nunca ouviu ou até mesmo falou as frases “o povo só pensa em futebol” ou “enquanto os políticos roubam, o povo se preocupa com futebol” ou “futebol é a política do pão e circo”. A esquerda pequeno-burguesa, acostumada com as discussões vazias da academia, e sem dar importância para as coisas genuínas do povo acaba sendo um importante meio de transmissão dessa ideologia.

O objetivo dessa coluna não é tanto revelar o absurdo de tal ideologia mas mostrar que na atual etapa do capitalismo internacional e especificamente no Brasil ela não é apenas uma ideia equivocada mas uma ideologia reacionária a serviço dos interesses dos mais obscuros interesses imperialistas.

O futebol é o esporte mais popular do mundo, não há dúvida disso. O Brasil tem uma importante parcela de culpa nessa popularização. O esporte veio da Inglaterra, trazido por Charles Miller, e como resultado de uma intensa luta social que não nos cabe pormenorizar aqui acabou se transformando num esporte do povo, praticado pelo povo, pelos trabalhadores, pelos negros.

O resultado dessa luta, que de certa forma acontece até os dias de hoje, foi que os trabalhadores, em particular o povo negro, conseguiu se apropriar do esporte vindo da Inglaterra e mais do que isso conseguiu transformar o esporte dando novos contornos, introduzindo novas habilidades que foram exportadas para o resto do mundo. O povo brasileiro recebeu um esporte importando da Europa e exportou para os europeus um novo esporte, uma nova forma de jogar e compreender o jogo. O brasileiro engoliu aquele esporte, mastigou, deglutiu, digeriu e vomitou um produto novo a partir das características iniciais.

Nesse sentido, é correto afirmar que o futebol brasileiro é um produto genuíno da cultura nacional. Ou seja, o futebol é parte indissociável da formação da cultura e da sociedade brasileira.

Apenas por isso já é possível perceber que os ataques contra o futebol, mesmo quando aparecem com verniz esquerdista como no caso do “futebol alienação”, são na realidade uma ataque profundo ao povo brasileiro. Atacar o futebol é como atacar o samba, a música caipira, o baião etc, é como atacar a os movimentos literários nacionais, é como atacar nossa história.

Agora, parênteses: a colonização de um povo passa por colonizar sua cultura para desmoralizá-lo, convencê-lo que é inferior e assim facilitar o roubo de suas riquezas. Dito isso, fica óbvio que o futebol é um alvo preferencial. Mas há um agravante aí.

O futebol não é simplesmente uma expressão cultural. É um gigantesco negócio capitalista que envolve milhões e milhões todos os anos, seja nas transações dos jogadores, seja nas definições dos campeonatos. Grandes monopólios que patrocinam os clubes e jogadores, os especuladores que ganham com as ofertas dos passes dos atletas, os direitos de transmissão e outras movimentações financeiras que fazem desse esporte mais popular do mundo, também o mais rico do mundo.

E aí existe um problema, uma contradição. Um país atrasado economicamente como o Brasil domina o esporte no mundo todo. Ganha importância então atacar o futebol brasileiro.

Na atual etapa do capitalismo, de profunda crise econômica, o imperialismo aumenta a carga contra o Brasil. E é aí que entra os atuais acontecimentos envolvendo o futebol brasileiro. Nenhum deles são coincidências, nem acasos. Vejamos:

A CBF, juntamente com os deputados golpistas, Rodrigo Maia (DEM) estando à frente, se apressa em aprovar um projeto de clube-empresa. Caso seja aprovado, tal projeto irá aprofundar o domínio dos grandes monopólios capitalistas no futebol brasileiro. A tendência monopolista do atual estágio do capitalismo se expressa em todos as aspectos da vida social, incluindo aí o esporte e a cultura. Não pode haver dúvida que o objetivo dos grandes capitalistas é transformar o Brasil em um País com poucos times competitivos, como acontece nos países europeus. Logicamente que pela tradição do futebol brasileiro e pelo tamanho do País e da sua população esta não será uma tarefa fácil, mas é esse o objetivo. De certa maneira, nas últimas décadas é isso que vem acontecendo, com a destruição dos clubes do interior ou os chamados “pequenos”. O exemplo da grande e tradicional Portuguesa de Desportos talvez seja o mais dramático.

Faz parte desse movimento no sentido do clube-empresa as proibições contras as torcidas, a censura e perseguição contra as organizadas e os preços exorbitantes das arenas.

A prefeitura de São Paulo anunciou esta semana a privatização do Pacaembu, um dos estádios mais tradicionais do mundo. Não bastasse privatizar, o tobogã será demolido para a construção de um prédio comercial. É como se decidissem privatizar o Museu do Ipiranga e demolir alguns de seus cômodos para transformar em Shopping Center.

Outro exemplo importante de ataques ao futebol brasileiro é a campanha que tem sido feita contra a Seleção, contra os jogadores – Neymar sendo alvo principal – e contra os técnicos brasileiros.

Desde que o Brasil se mostrou uma Seleção imbatível, os Europeus colonizadores do País buscam influenciar ideologicamente os brasileiros de que seria necessário um esquema tático mais defensivo. É como se o Brasil estivesse moralmente proibido de jogar o seu estilo genuíno de futebol.

Chamou a atenção essa semana uma pesquisa feita pelo instituto DataFolha sobre o tamanho das torcidas no País, não pelo resultado, já que não há grandes novidades tendo Flamengo, Corinthians, São Paulo e Palmeiras ocupando as quatro primeiras posições, mas pela interpretação dada pela revista Veja, um dos principais veículos golpistas e portanto pró-imperialista. Matéria da Veja decidiu falsificar descaradamente o resultado da pesquisa para questionar que o Brasil é o País do futebol. Segundo a matéria, os 22% de pessoas que afirmam não torcer para nenhum time mostram que os brasileiros não ligam para o futebol. Uma falsificação grotesca, já que 78% afirma torcer para algum time, ou seja, a esmagadora maioria. O interesse da golpista Veja está claro: procurar convencer o brasileiro, especificamente a classe média que a lê, que o futebol não tem importância para o povo. Que venham os europeus, então!

E por fim, fiquei espantado ao conversar recentemente com um jovem amigo que me disse que há colegas de colégio que torcem para times europeus. Esse é um fenômeno recente, mas assustador, do avançado processo de colonização do nosso futebol. O imperialismo procura nos dominar com sua música de péssima qualidade, com seu cinema de péssimo gosto e com seu futebol de perna de pau. A informação bate com a recente descoberta que tive ao ouvir uma entrevista do representante da La Liga (a empresa que gere o campeonato espanhol) no Brasil. O imperialismo está aqui dentro para nos roubar, roubar nossos jogadores e roubar nossa alma, destruir nossa cultura e nos dominar culturalmente, politicamente e economicamente. O tal representante espanhol afirmou que em Países da África de menos tradição no futebol a população nutre simpatia para os times da Espanha. Esse é o objetivo aqui no Brasil também!

Os Países atrasados no mundo todo tinham – de certa forma ainda têm – no Brasil o exemplo de um País pobre e negro que consegue vencer os poderosos no esporte mais popular do mundo. Pelé é um ídolo no mundo todo, na África, na Ásia, na América Latina e o Brasil é a Seleção de todos os oprimidos. O imperialismo não aceita isso.

Fonte: https://www.causaoperaria.org.br/querem-nos-colonizar-atacando-nosso-futebol/

 

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Vivi pra ver texto do PCO sendo postado aqui no fórum, ainda mais no subfórum de Futebol hahaha

  • Vice-Presidente
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30 minutes ago, John the Baptist. said:

Vivi pra ver texto do PCO sendo postado aqui no fórum, ainda mais no subfórum de Futebol hahaha

Achei o tema interessante e pertinente. Não é para debatermos o texto em si, mas a ideia que ele lança e que anda muito presente no debate esportivo hoje em dia, com o atraso de nossos treinadores, a questão da "modernização" que alguns deputados estão querendo trazer via PL e também o fato de termos dois treinadores estrangeiros como os melhores do país.

E eu acho, que se filtrarmos o radicalismo do texto, ele traz pontos muito interessantes, principalmente sobre a homogenização e elitização do futebol brasileiro, além é claro, do crescente domínio do lado negócio do esporte na tomada de decisões, o que acaba excluindo a maior parte daqueles que fizeram o futebol ser o que é. Além é claro, de pincelar um pouco sobre o estilo de jogo preferido dos treineros daqui, em contraste com o que a escola brasileira de futebol marcou seu nome na história.

Isso sem mencionar os torcedores exclusivos de time de futebol europeu.

Postado

Tirando a viagem ideologica, há pontos interessantes seja o gosto da nova geracao por times europeus, um grupelho bostejando contra o esporte, a mercantilização do esporte em detrimento do lado mais "romântico", que acaba por consequência acaba elitizando e restringindo certo publico de acompanhar o time in loco

  • Diretor Geral
Postado

A discussão do tema central em si é válida, mas tem mt gritaria desnecessária dentro do texto (radicalismo!) que praticamente inviabiliza partir dele pra iniciar qualquer debate.

2 hours ago, Henrique M. said:

[...] O brasileiro engoliu aquele esporte, mastigou, deglutiu, digeriu e vomitou um produto novo a partir das características iniciais. [...]

Gritaria. O brasileiro soube se desenvolver tecnicamente dentro do jogo, mas transformar dessa forma jamais.

2 hours ago, Henrique M. said:

[...] Não bastasse privatizar, o tobogã será demolido para a construção de um prédio comercial. [...]

Gritaria. O tobogã nem no projeto original do estádio está, ou seja, se demolirem não vai mudar a estrutura histórica do estádio.

 

Enfim, isso são 2 exemplos. Tem outros.

Agora, um ponto que concordo bastante é com relação aos times do interior. Esse enfraquecimento paulatino desses clubes ao longo das décadas é resultado de vários fatores, como calendário, distribuição de receita da TV, infraestrutura e etc, etc etc. Acho que aqui ele foi feliz em fazer a citação, e acho que precisamos sim debater sobre isso.

Postado
Em 20/09/2019 em 19:34, Leho. disse:

Gritaria. O brasileiro soube se desenvolver tecnicamente dentro do jogo, mas transformar dessa forma jamais.

Se levarmos ao pé da letra o que foi escrito, nós aprimoramos o 424 desenvolvido na Hungria.

Se me recordo, o Zezé Moreira tbm foi um dos primeiros que fizeram testes sobre o sistema zonal dentro do futebol, Feola criou o 433. Tbm introduzimos dentro do futebol o ala com o Zagallo em 70 ( modelo que foi usado por outras seleções e times como Billardo em 86).

Sobre o colonialismo dentro do nosso futebol. Isto vem há décadas!

Sobre o texto, acho que nosso maior defeito foi não ter mantido nosso futebol por meio da escrita ao invés da fala como foi feito no passado com diversos personagens. Deveríamos ter feitos livros ao menos para guardar alguns conceitos importantes como fizeram os espanhois, os alemães, os italianos e os ingleses.

  • Diretor Geral
Postado
1 hour ago, Aleef said:

Se levarmos ao pé da letra o que foi escrito, nós aprimoramos o 424 desenvolvido na Hungria.

Se me recordo, o Zezé Moreira tbm foi um dos primeiros que fizeram testes sobre o sistema zonal dentro do futebol, Feola criou o 433. Tbm introduzimos dentro do futebol o ala com o Zagallo em 70 ( modelo que foi usado por outras seleções e times como Billardo em 86).

[...]

Sim, mas continua sendo aprimoramentos... e não uma transformação total como o autor do texto tenta colocar. Óbvio que nossa contribuição é importante ao longo dos anos dentro do futebol, mas teve uma forçada de barra do autor nisso.

1 hour ago, Aleef said:

[...] Sobre o texto, acho que nosso maior defeito foi não ter mantido nosso futebol por meio da escrita ao invés da fala como foi feito no passado com diversos personagens. Deveríamos ter feitos livros ao menos para guardar alguns conceitos importantes como fizeram os espanhois, os alemães, os italianos e os ingleses.

Concordo muito. Enquanto nossos irmãos portugueses são pioneiros nessa seara sobre estudos, literatura e desenvolvimento teórico dentro do futebol, a gente nunca cultivou esse tipo de material, tampouco incentivou as pessoas envolvidas a fazê-lo.

  • Vice-Presidente
Postado
1 hour ago, Leho. said:

Sim, mas continua sendo aprimoramentos... e não uma transformação total como o autor do texto tenta colocar. Óbvio que nossa contribuição é importante ao longo dos anos dentro do futebol, mas teve uma forçada de barra do autor nisso.

Mas se novos sistemas, novas funções, novas posições são apenas aprimoramentos, a única coisa que revolucionou o futebol foi a linha de impedimento.

Postado
1 hora atrás, Leho. disse:

Concordo muito. Enquanto nossos irmãos portugueses são pioneiros nessa seara sobre estudos, literatura e desenvolvimento teórico dentro do futebol, a gente nunca cultivou esse tipo de material, tampouco incentivou as pessoas envolvidas a fazê-lo.

Mercado pouco explorado. Temos livros sobre futebol, mas não no conceito tático da coisa mesmo. Os livros do Saldanha são excelentes.É verdade o que você disse sobre estudos, nosso maior material é as revistas Placar e jornais ( o Tite em uma entrevista havia dito que aprendeu muito sobre futebol lendo jornais na época do  Minelli no Inter). Acho que precisamos de pessoas capacitadas em levantar este tipo de informação. Há um tempo eu tinha começado a estudar estas revistas, mas por falta de tempo eu deixei de lado. Tem muita coisa lá, muito conceito tático mesmo reproduzido nas revistas.

Fazer isto leva um certo tempo 😧 

  • Diretor Geral
Postado
5 hours ago, Henrique M. said:

Mas se novos sistemas, novas funções, novas posições são apenas aprimoramentos, a única coisa que revolucionou o futebol foi a linha de impedimento.

No meu modo de ver, é isso.

Postado
Em 20/09/2019 em 16:43, Henrique M. disse:

O objetivo dessa coluna não é tanto revelar o absurdo de tal ideologia mas mostrar que na atual etapa do capitalismo internacional e especificamente no Brasil ela não é apenas uma ideia equivocada mas uma ideologia reacionária a serviço dos interesses dos mais obscuros interesses imperialistas.

Como o Leho comentou, fica dificílimo começar uma conversa a partir de um texto tão radical como este. Eu não muito bem o raciocínio desse pessoal. Parece que estão ainda lutando contra a Inglaterra imperialista de 1850. Algumas coisas tem pouquíssimo sentido, graças à forma tão radical que a ideia central do texto é expostas. Então quer dizer que quem propaga que futebol é panem et circenses são os EUA e as grandes corporações (ou alguma outra força imperialista oculta)? Ah tá, entendi. 

Como que um jumento desse não vê que, ao externar sua ideia de forma tão radical, ela nunca vai ser lida por outras pessoas diferentes dele? Esse tipo de gente quer o quê? Ficar num círculo fechado de companheiro barbudos para sempre? 

E olha que concordo com algumas ideias do texto. Um dos problemas do capitalismo - e de todos, ou quase todos os outros sistemas políticos e econômicos--  inclusive o socialismo -- é a concentração de poder em poucas mãos. Uma pena que, ao passo que alguns clubes vão se profissionalizando e sendo melhores geridos, aqueles que tem mais capacidade de fazer dinheiro vão ficar mais fortes e, ao mesmo passo, os que tem menos, mais fracos. Infelizmente é algo natural. Transformar o país numa USSR não iria mudar isso. Aposto que a corrupção iria piorar, as verbas continuariam a ser mal repartidas, pois não é um problema econômico.  Não é culpa exclusiva do capitalismo. Se quisermos mudar esse destino que estamos fadados, somente um sistema como o empregado nos EUA. 

 

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E por fim, fiquei espantado ao conversar recentemente com um jovem amigo que me disse que há colegas de colégio que torcem para times europeus. Esse é um fenômeno recente, mas assustador, do avançado processo de colonização do nosso futebol.

É uma mula, mesmo. Será que a molecada tá gostando de torcer pra Barcelona hoje em dia pq os imperialistas estão armando contra o Brasil ou será que o fácil acesso às partidas não é mais plausível que uma conspiração? Será que, ao ter a partida numa clique do celular, eles talvez prefiram ver times tecnicamente superiores, com os melhores jogadores do mundo, com jogadores badalados como Neymar (que eles amam), Messi, CR7 e etc? Será que o futebol brasileiro enfraquecer não tem nada a ver com isso? A época em que eu era menino (mais de 30 anos atrás), quando os melhores times jogavam aqui e não tinhamos acesso ao futebol Europeu era bem mais difícil de conhecer alguém que ao menos simpatizava por um time de fora. Mas não! É tudo culpa dos ataques imperialistas golpistas e etc. 

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