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Censo do futebol feminino no Brasil: comissões técnicas têm 30% de mulheres


Henrique M.

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Censo do futebol feminino no Brasil: comissões técnicas têm 30% de mulheres

Levantamento do GloboEsporte.com mostra como funcionam as estruturas dos 52 times das Séries A1 e A2 do Brasileirão Feminino – e como as mulheres estão inseridas nelas

Por Victoria Leite* — São Paulo
15/08/2019 18h31  Atualizado há 3 horas
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O GloboEsporte.com realizou um censo do futebol feminino brasileiro. O levantamento, feito com todos os clubes das Séries A1 e A2 do Campeonato Brasileiro, mostra como funcionam as estruturas das equipes Brasil afora – e o tamanho da participação das mulheres. Os números revelam que 30% dos integrantes das comissões são do sexo feminino. O estudo levou em conta as formações montadas no início das competições. Não são contabilizadas jogadoras.

No total, são 348 profissionais envolvidos nas comissões técnicas, divididos em 135 para a primeira divisão e 213 para a segunda. Destes 348, 104 são mulheres, sendo 41 atuantes pela Série A1 e 63, pela A2.

Coordenadora do Departamento de Futebol Feminino da Federação Paulista de Futebol, e ex-zagueira e capitã da Seleção, Aline Pellegrino destacou que há maneiras de promover mudança para que a quantidade de homens e mulheres seja mais equilibrada.

– Este equilíbrio entre homens e mulheres vai acontecer, mas não vai ser do dia para a noite. (...) Sabemos que, historicamente, este espaço foi proibido para as mulheres durante décadas, e isso gera prejuízo – disse Aline.

– Algumas ações afirmativas, por exemplo, poderiam determinar um número de mulheres nos cursos de licenças de técnicos, ou criar mecanismos que estimulem a inclusão de mais mulheres nos corpos técnicos dos clubes – completou.

Dos 52 times, Corinthians e Audax são os que mais possuem profissionais envolvidos com as equipes femininas, com 12 integrantes nas comissões. Ambos disputam a Série A1. Vitória de Santo Antão-PE, também na primeira divisão, vem atrás, com 11.

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Já o clube que tem mais mulheres nas comissões é o Ceará, na Série A2, com seis (gestora, auxiliar técnica, preparadora de goleiras, preparadora física, analista de desempenho e massagista), considerada a estrutura do começo das competições. Na mesma divisão, Fluminense e Atlético-MG têm cinco, seguidos de Corinthians, Internacional, Ponte Preta e Santos, todos da A1, com quatro.

Por outro lado, cinco clubes começaram os campeonatos sem nenhuma mulher nas comissões. Na Série A1, foi o caso do Foz Cataratas-PR. Na Série A2, aconteceu com Tiradentes-PI, Náutico-PE, São Valério-TO e Toledo-PR.

Poucas mulheres treinadoras

No principal cargo, o do comando técnico das equipes, a presença feminina é menor do que nos números gerais. Na Série A1, dos 16 times que começaram a competição, somente três tinham mulheres como treinadoras – 18% do total. Na Série A2, a situação é praticamente a mesma, já que apenas seis em 36 (16%) eram do sexo feminino.

Times da Série A1 que começaram o Brasileirão treinados por mulheres:

  • Ferroviária
  • Santos
  • Sport

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Times da Série A2 que começaram o Brasileirão treinados por mulheres:

  • América-MG
  • Botafogo-PB
  • Fluminense
  • Grêmio
  • Palmeiras
  • Pinheirense-PA

Mais mulheres na gestão

O cenário é diferente quando se trata da gestão dos trabalhos. As funções que mais têm mulheres estão relacionadas a esta categoria – aqui, levamos em conta o número de coordenadoras e supervisoras envolvidas nas comissões. No somatório das duas divisões, dos 30 coordenadores e/ou supervisores, 18 são mulheres (60%).

Nutrição e fisioterapia também são áreas que têm alto número de mulheres, sendo 13 em 20 (65%) nutricionistas e 15 em 39 (38%) fisioterapeutas.

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Estruturas reduzidas

A partir deste ano, todos os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro foram obrigados pela CBF a ter uma equipe feminina adulta e uma de base que disputassem ao menos um campeonato oficial. Esta medida seguiu a orientação da Conmebol, que já havia determinado que clubes que não tivessem equipes femininas não poderiam disputar a Libertadores e a Sul-Americana.

O impacto da medida não garantiu estruturas sólidas. Algumas equipes iniciaram o torneio com comissões técnicas muito reduzidas. Foram os casos de Tiradentes-PI, com dois integrantes, Santa Quitéria-MA, com quatro, Sport, Canindé-SE e Cruzeiro-RN, com cinco, além de situações excepcionais como Toledo-PR, com apenas um treinador, e Atlético-AC, atualmente, com somente uma técnica.

O time do Acre, porém, começou o Brasileirão Série A2 com um treinador e um preparador de goleiros, mas com as derrotas, a comissão deixou o clube e quem assumiu, sozinha, foi a treinadora Neila Rosas. A equipe terminou o campeonato com cinco derrotas em cinco jogos e saldo negativo de 24 gols.

– Se a gente tivesse uma estrutura que vimos em outros times de outras cidades, nosso time seria bem melhor. O resultado seria bem melhor. (...) Por isso que fomos o pior, porque a estrutura do nosso time é a mais precária em relação a todos os outros. (...) Houve caso em que tivemos que tirar dinheiro do bolso para questão de materiais – disse.

– A maioria das atletas são mães de família, trabalham. A gente tem que conciliar os horários de cada uma. Às vezes elas levam até os filhos para treinar. A gente faz tudo isso por amor mesmo – completou Neila.

*Isamara Fernandes e Sarah Porto colaboraram com a reportagem 
*Sob supervisão de Alexandre Alliatti

Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-feminino/noticia/censo-do-futebol-feminino-no-brasil-comissoes-tecnicas-tem-30percent-de-mulheres.ghtml

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