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O sonho encorajador de Hyun-Jun Suk no Ajax


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Em um dia, você está treinando na Coreia do Sul, com o time escolar da sua cidade. No outro, está em um voo para a Holanda, rumo a Amsterdã. O dinamismo da vida moderna não matou os contos de fada no esporte. O atacante Hyun-Jun Suk é a prova de que ser “entrão” pode render grandes oportunidades.

Quem cresce jogando bola alimenta, sem querer, um sonho impossível. A cada vez que veste um uniforme, coloca a chuteira e entra na quadra, o silêncio ensurdecedor dos arredores se transforma em tela.  Com muita imaginação, surge um cenário em que a torcida recebe e abraça. E quando a cabeça chega ao travesseiro, a fantasia dos lances que poderiam ter sido feitos nos grandes palcos, dribles inesquecíveis, gols absurdos e lances de genialidade se erige. São desejos ocultos muitas vezes restritos ao mundo dos sonhos.

A vida passa. O destino obriga a aceitar que o futuro reservado talvez seja longe da bola, com outras obrigações e objetivos. Mas a faísca do futebolista está sempre ali. Um dia, esquecido no canto, o sonho volta a chamar. Sedutor, pode levar à insanidade de tentar a sorte.

Era 2013 quando tive a ideia de uma matéria bizarra para a Trivela. Estava voltando a jogar bola depois de quatro anos parado, mas o aspecto lúdico da pauta tornava isso irrelevante. Afiei o inglês e mandei um e-mail para o Newcastle Jets, da Austrália. No corpo da mensagem, pedi permissão para treinar com o elenco profissional. A secretária, Monique Valentine, respondeu educadamente. Me pediu um currículo, histórico no futebol, e um vídeo em anexo. Contudo, ficou por isso mesmo.

A chance de Hyun-Jun Suk no Ajax

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Troquei essa realização esportiva por muito trabalho em outras áreas. Fui campeão algumas vezes, em competições amadoras, e esses momentos ficaram tatuados na memória. No entanto, imaginar algo mais sempre me maltratou. Talvez por medo de dar com a cara na porta.

Esse receio nunca incomodou um certo sul-coreano chamado Hyun-Jun Suk. Atacante alto e de imposição nas jogadas aéreas, saiu da Shin-Gal High School e do Young-In para perseguir um dragão imaginário, em 2009. Assim como muitos outros meninos que largam tudo muito cedo para correr atrás da bola, Suk não começou mirando baixo.

Com a cara e a coragem, pegou um avião para a Holanda. Chegando em Amsterdã, foi procurar um clube e entrou em contato com o então treinador do Ajax, Martin Jol. A ideia do garoto de 18 anos era simplesmente treinar. Mas os planetas se alinharam, ele agradou Jol e ganhou uma vaga no time juvenil dos ajacieden. De repente, nessas mudanças malucas, o sul-coreano assinou contrato profissional com o clube da capital.

O desempenho impressionante na base alavancou Suk ao elenco principal. Depois de marcar três gols em um amistoso sub-23, o asiático atraiu a atenção da comissão técnica. Levado pelo furacão, o garoto até estreou na Liga Europa contra a Juventus. Em Amsterdã, os italianos venceram por 2 a 1. Suk não teve vida longa na capital holandesa depois disso.

Queda livre

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Depois de apenas cinco aparições, o coreano foi despachado para o Groningen e iniciou uma verdadeira peregrinação pelo futebol europeu. O atacante rodou por Marítimo, Al-Ahli, Nacional e Vitória de Setúbal. Foi com a camisa dos Sadinos que ele reencontrou o bom futebol. Treze gols depois, conseguiu a façanha de ser contratado pelo Porto. O desfecho foi o mesmo do Ajax: apenas um gol, decepção e nova mudança de ares.

Desde então, Suk passou sem deixar saudades por Trabzonspor, Debrecen e Troyes. Em 2019, atua pelo Stade Reims, na França. A jornada do garoto, dez anos depois, já atravessou seis países. Inclusive, ele já chegou a ser convocado para a seleção, marcando cinco gols em 15 partidas. Dois desses gols foram contra o Laos, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

Por fim, chegamos à conclusão de que ele jamais foi uma promessa, porque sequer teve tempo para alimentar esse status. Suk é muito mais uma surpresa anônima do que um jogador de grande potencial. Assim sendo, o resto da sua carreira mostra que a cartada de treinar com o Ajax foi, no limite, a oportunidade ideal no momento ideal. A chave, aqui, é como essas oportunidades em questão são descobertas e aproveitadas.

Revista Relvado

 

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