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O dia em que a torcida do Forest disse adeus a Clough


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Em 30 de abril de 1993, a torcida do Nottingham Forest chorou muito. Por dois motivos, os corações de todos no City Ground foram partidos ao fim da rodada. Naquele dia, o time da casa perdeu uma partida que não poderia jamais perder. E se despediu de seu maior ídolo, Brian Clough.

Brian esteve no estádio pela última vez como técnico vestindo o seu indefectível agasalho verde. Era a primeira temporada do novo formato da Premier League, que não reservou grandes emoções ou alegrias para a torcida dos Reds. Diferente dos anos 1970 e 80, em que o clube brigava pela soberania nacional e europeia, o Forest estava em seu ocaso.

O investimento não era o mesmo do passado e os resultados também não. Clough também não vivia seus melhores dias, já abalado pelos problemas de saúde que viriam a matá-lo uma década depois. A questão é que Brian era uma sombra de si mesmo e isso refletia no perdido time do Forest, que acabou com a lanterna da Premier League inaugural.

O contexto da decadência

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Desde que retornou à elite inglesa, em 1977, o Forest viveu no mesmo ritmo de seu técnico. Ele sabia mesmo era promover uma equipe, montar uma estrutura vencedora. Fez isso também com o Derby, subindo e sendo campeão da primeira divisão logo depois, em 1972. Isso sem falar nos dois títulos europeus consecutivos em 1979 e 80, já em Nottingham.

Dos 18 anos que passou à frente do Forest, Clough levou o time aos maiores títulos que se podia imaginar. Foi campeão inglês, da Europa, da Copa da Liga Inglesa, da Full Members Cup, da Copa Anglo-Escocesa e da Charity Shield. Mas o momento em 1992-93 era de reflexão e os Reds desceram a ladeira rumo à Championship.

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O Forest encontrava-se resignado. Clough estava tentando achar um momento propício para se aposentar desde 1988, mas não via saída. Seu último título veio em 1992, pela Full Members Cup, diante do Southampton de Matt Le Tissier. O elenco do time contava com jogadores de médio porte. Destacavam-se o lateral e capitão Stuart Pearce, o volante Roy Keane, Nigel Clough (filho de Brian) e Teddy Sheringham. Mas a falta de união e de motivação, sem falar no planejamento ruim da diretoria, minaram as chances dos Reds na temporada.

Eles já tinham sido eliminados na Copa da Inglaterra, na Copa da Liga e passaram 36 das 42 rodadas na zona de rebaixamento. Era uma queda previsível. Mas Clough não queria acreditar. O drama ainda tinha um último fio de esperança até o dia 30 de abril de 1993, na penúltima rodada. Era a última vez que Cloughie e seu agasalho verde entrariam oficialmente no gramado do City Ground.

A queda

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O velho Brian não estava mais com aquele semblante feliz, animado ou sorrateiro, como nos velhos tempos. O rosto inchado, vermelho e castigado pelos efeitos do alcoolismo era evidente. Não era essa a despedida que um homem tão brilhante merecia. Entretanto, como não há justiça no futebol, aquele dia acabou por ser o último de uma era bem sucedida, com o pior desfecho possível.

O Forest recebeu o Sheffield United em puro desespero para vencer e ainda torcer por uma combinação de resultados envolvendo o Oldham Athletic, que estava se salvando com 43 pontos. Antes da bola rolar no City Ground, a missão era vencer os Blades e o Ipswich Town, torcendo por duas derrotas do Oldham, que pegava o Liverpool e o Southampton. Outra saída era secar o Crystal Palace e o Middlesbrough. Mas nenhum dos cenários foi concretizado.

Depois de 90 minutos, os donos da casa ficaram chocados com a derrota por 2-0, gols de Hodges e Gayle, um em cada tempo. As chances do Forest foram estraçalhadas e Clough não pôde nem se dar ao luxo de ter uma despedida decente. Quando o juiz Paul Durkin apitou para o fim do jogo, os aplausos de agradecimento se misturaram com o som enfadonho do choro e da resignação. Com uma rodada de antecedência, o Nottingham Forest voltava para a segunda divisão e descia de um voo que nem o mais otimista dos torcedores esperava vivenciar.

Naquele momento, Brian Clough deixava de ser um treinador sujeito às críticas para se tornar uma lenda. E como lenda, passou seus últimos anos sendo saudado por suas proezas inesquecíveis à frente do time que aprendeu a amar. Ele ainda sentou no banco contra o Ipswich, em Portman Road, apenas por formalidade. Não havia mais o que ser feito se não lamentar. A única coisa que se pode levar de positivo é que Nigel, seu herdeiro, marcou o gol de honra do Forest no jogo. Os Tractor Boys, no entanto, venceram por 2-1 (Milton e Whitton marcaram).


http://tfcorp.net/2016/01/19/o-dia-em-que-a-torcida-do-forest-disse-adeus-a-clough/

 

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