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O primeiro dia de uma lenda: A chegada do “tornado” Brian Clough no Nottingham Forest


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“Estou deixando a raça humana para me unir novamente à raça dos ratos. Na minha idade, sou muito jovem para me aposentar. O futebol é o meu trabalho. A partir de agora, há uma coisa a favor do Forest: eu. Eu não acho que preciso provar algo, mas quero mostrar ao povo de Nottingham que podemos nos sair bem”. A entrevista coletiva em 6 de janeiro de 1975 é autêntica, como muitas das que se repetiram nos 18 anos seguintes. Brian Clough assumiu um clube que não passava do meio da tabela na segunda divisão inglesa, em crise desde a derrota para o rival Notts County no Natal. O renomado treinador chegava para colocar ordem na casa e ajudar no projeto do Nottingham Forest de volta à primeira divisão. Mas nem mesmo os mais otimistas imaginariam que ele botaria os alvirrubros no topo da Inglaterra em pouco tempo. E muito menos apostariam na conquista da Europa, por duas vezes.

Durante anos, Clough era o sonho de consumo dos dirigentes do Forest – e de outros tantos clubes ingleses. O homem que havia feito milagre com os rivais do Derby County parecia o nome certo para também recolocar o clube de Nottingham no mapa. E, quando finalmente chegou ao City Ground, estava longe de viver o melhor momento da carreira. Meses antes, em 1974, teve a sua frustrada passagem pelo Leeds United, marcada pelos péssimos resultados e pelos conflitos internos na tentativa de substituir Don Revie, seu desafeto público.

O Nottingham Forest significava um recomeço para Clough. Mas o recomeço que aconteceria dentro do clube, a partir de então, seria bem mais profundo. “Quando entrei no City Ground em janeiro de 1975, foi como se estivesse em um deserto – um lugar sem vida, sem cor e nem mesmo uma folha verde para dar esperança. E, como em um deserto, parecia não haver um fim. Os torcedores estavam cansados de ver os melhores jogadores substituídos por outros sem capacidade, estavam desiludidos”, recordou Clough, em sua biografia. “Então, como a minha mãe sempre fazia quando tinha um grande trabalho pela frente, resolvi limpar o convés e começar do zero. Não foi fácil ou prazeroso, mas tinha que ser feito de uma forma drástica, porque o clube estava à beira da falência e eu não gostaria de afundar com ele”.

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Em seu primeiro dia, Clough ignorou os jornalistas que se amontoavam no estacionamento do centro de treinamentos, após parar com sua Mercedes azul – um “presente” após a recisão com o Leeds. Foi direto para a administração do clube, conversar pela primeira vez com os funcionários e os jogadores. E surpreendeu a todos, ao dar folga para o elenco no dia seguinte. Pediu para que se reapresentassem apenas na quarta de manhã, quando realizaria um encontro para conhecê-los melhor. Horas antes do jogo decisivo com o Tottenham, no mesmo dia, em replay da Copa da Inglaterra.

Maior surpresa veio com a classificação do Nottingham Forest à fase seguinte da copa. Dentro de White Hart Lane, os alvirrubros derrubaram os Spurs por 1 a 0, gol de Neil Martin. Estavam motivados principalmente pela decisão do técnico em dar novamente a braçadeira de capitão a Sammy Chapman, jogador com grande influência sobre o elenco. Surtiu efeito. “Quando Brian Clough entra na sua vida, acredite em mim, você sente isso. A vida, e não só o futebol, nunca mais foi a mesma ao lado dele. Ele parecia influenciar a cada hora que eu ficasse acordado e também aparecia com frequência nos meus sonhos. Em seu primeiro dia, Clough entrou nos vestiários como se fosse um tornado”, afirma John Robertson, um dos protagonistas naqueles primeiros anos de Clough. Impacto imediato que também gerou aumento na procura de ingressos pela torcida.

Apesar da classificação na Copa da Inglaterra, o Nottingham Forest demorou um pouco para engrenar com Clough. Caiu para o Fulham na etapa seguinte do torneio e terminou a segunda divisão apenas na 16ª colocação, nove posições abaixo do que havia feito na temporada anterior. Mas a arrancada começou em 1976, principalmente a partir da chegada do fiel assistente Peter Taylor, que comandava o Brighton. Em 1977, os alvirrubros consumaram o acesso à primeira divisão. Na temporada seguinte, conquistaram o inimaginável título do Campeonato Inglês. Para surpreenderem ainda mais em 1979 e 1980, com o bicampeonato da Champions – em intervalo no qual ainda foram bicampeões da Copa da Liga Inglesa, além de quebrarem o recorde de jogos invictos no campeonato, 42, superados pelo Arsenal em 2004.

Montando um grande time, Brian Clough permaneceu em City Ground até 1993, quase sempre fazendo campanhas dignas na primeira divisão. Aposentou-se como um herói, depois da reviravolta que causou no Nottingham Forest. “A beleza dessa história é que ela pode ser contada pelas pessoas da cidade. Eles sabem onde o Forest estava em 1975 e sabem onde foi parar cinco anos depois. Eles eram parte dessa história”, afirma Nigel Clough, filho do técnico e artilheiro dos alvirrubros na década de 1980. Testemunhas de uma lenda.

http://trivela.uol.com.br/o-primeiro-dia-de-uma-lenda-a-chegada-do-tornado-brian-clough-ao-nottingham-forest/

 

  • Vice-Presidente
Postado

Um gênio e para sempre o melhor técnico inglês a jamais comandar a seleção nacional.

Postado

Esse cara era um monstro. O que ele fez com os dois rivais, em especial com o Nottm, foi absurdo.

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