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Aidar quebra o silêncio e diz que se arrependeu da renúncia


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Aidar diz foi presidente do Tricolor durante 18 meses (Fernando Dantas/Gazeta Press)

Dois meses depois de renunciar à presidência do São Paulo, Carlos Miguel Aidar resolveu falar. E falar grosso. Em entrevista ao Blog, que durou quase duas horas, o dirigente acusado por seu ex-vice de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, de uma série de irregularidades admitiu ter se arrependido de deixar o clube. 

Se pudesse voltar no tempo, teria demitido quase todas as pessoas de comando do futebol, dado cargos de diretoria à oposição e se licenciado até que tudo fosse investigado. “Eu voltaria soberano”, imagina. Hoje, desempregado, Aidar tenta reconstruir sua carreira de advogado e descarta qualquer possibilidade de voltar à vida política do Tricolor. 

Com muita franqueza, o dirigente explicou as acusações contra si, revelou estar investigando irregularidades de seus rivais no clube, afirmou que Rogério Ceni não permitia o surgimento de novos líderes, chamou Osorio de marqueteiro…

BLOG: Como a sua renúncia à presidência do São Paulo e todas as acusações mexeram com seu dia a dia?
CARLOS MIGUEL AIDAR: Tive, por exemplo, de sair do escritório de advocacia que eu criei, porque três clientes importantes decidiram ir embora. Até por isso, sugeri que os sócios do escritório comprassem minha cota e saí.

E como anda a vida de desempregado?
Eu tenho algumas opções: abrir um escritório novo ou me associar a escritórios. Já tive, inclusive, duas boas propostas.

Como ocupa o tempo?
Acompanho minha filha no médico, leio jornal, saio pra tomar café, faço fisioterapia… e estou cuidando de algumas coisas do São Paulo. Tirei cópia de quase todos os contratos antes de sair e estou apurando uma série de coisas do clube.

Apurando o quê?
Comecei a descobrir algumas barbaridades ainda como presidente. Nos últimos três meses da Era Juvenal Juvêncio, o São Paulo pagou R$ 9,5 milhões ao Tombense, clube que é barriga de aluguel do Eduardo Uram. O mais curioso é que o Uram já foi cliente do escritório de advocacia do Gustavo Oliveira, do Francisco Manssur…

E por que o São Paulo pagou R$ 9,5 milhões ao Tombense?
Tem algo a ver com a negociação do Aloísio, o Boi Bandido. Ainda estou atrás. Tem mais: há um contrato estranho de uma empresa chamada Bivers, que teria intermediado o acordo do São Paulo com a Penalty. O contrato com a Penalty é de 2011 e a intermediação só foi protocolada pelo São Paulo em 2013. E nos quatro meses seguintes, o clube pagou R$ 2,2 milhões em comissão.

Por que o senhor só está falando disso agora?
Todo mundo no São Paulo sabia que eu mexia nisso. E estava incomodando muita gente. Também descobri um esquema de venda de ingressos em shows, há aquela  ação dos empresários do Jorginho Paulista cobrando uma comissão que o Marcelo Portugal Gouvêa (presidente na época) vetou, mas o Leco, como autorizou…

Quem poderia se sentir incomodado?
Todas as pessoas que estavam à minha volta, herdadas da Era Juvenal. Elas, em tese, poderão sofrer alguma censura mínima e se uniram contra mim.

Falando sobre polêmicas: por que sua gestão aceitou pagar R$ 18 milhões de comissão no contrato da Under Armour?
Não eram R$ 18 milhões, mas 15% do valor arrecadado com todo o contrato.

Partindo do princípio de que R$ 122 milhões estavam garantidos, calcula-se R$ 18,3 milhões de comissão.
A comissão variaria de acordo com o número de peças vendidas. Briguei para que a comissão fosse de 7,5%, enquanto o Jack Banafsheha (representante da Far East) pedia 20%. Cheguei a 10%, ele insistiu nos 20% e fechamos por 15%.

Por falar no Jack, há quem garanta que ele não existe. Você pode provar que ele é real?
Claro que é real. Oswaldo Vieira (ex-vice financeiro), Julio Casares (ex-vice-presidente), Douglas Schwartzmann (ex-vice de marketing) e Leonardo Serafim (ex-vice jurídico) o conheceram. Ele, inclusive, esteve no Morumbi para assinar o contrato e assistiu ao evento de lançamento da “Revista do São Paulo” (em 1/12/2014).

Gente da oposição jura que o Jack seria o Douglas, que supostamente usaria um cartão com o nome do gringo.
O Jack era dono da marca Zanetti. E o Douglas tentou ser representante da marca, mas não prosperou. Isso em 2012. Eles se conheciam, porque são representantes de fabricantes de panos. O Jack inclusive fala português. Entreguei ao Conselho Deliberativo uma cópia dos documentos dele, com firma reconhecida. Também tenho mais de 200 e-mails trocados com ele. Quer ver um? (Aidar mostra no celular um e-mail no qual explica que Jack não terá direito à comissão).

Então, quer dizer que o Jack teria direito a uma bolada e não receberá nada?
Nada. Ele tem o direito de cobrar na Justiça, mas o avisei que corre o risco de perder, porque o contrato não foi aprovado pelo Conselho Deliberativo, como o estatuto exige. E, para entrar com ação, pela lei brasileira, ele tem de depositar 20% do valor que vai requerer, porque se trata de empresa estrangeira sem sede no Brasil.

Por que a sede da Far East é em Hong Kong?
Porque é um paraíso fiscal.

O Ataíde disse a outros conselheiros que a TML Foco, empresa da sua namorada, a Cinira Maturana, pegou R$ 6 milhões em comissão referente ao contrato da Under.
A Cinira nunca pegou um real. Nem um centavo. Zero. Estou louco para que façam a tal auditoria. É tudo o que eu quero, porque não há um cheque, um depósito, um recibo. Eu queria é que fizessem uma auditoria dos últimos dez anos.

E por que o Ataíde faria uma acusação em vão?
É fácil falar. Por que eu não retruco? Vai ter a hora certa. E na hora que não tiver nada provado, vou desmascarar um por vez. Vingança é um prato que se come frio e pelas beiradas.

Não é pouco ético colocar a namorada para trabalhar no clube que o senhor preside?
Eu a convidei para ajudar a buscar negócios antes de me tornar namorado dela. E ela tentou vários acordos, como a Puma, um financiamento, uma parceria com a TIM, uma construtora… Mas não virou nada.

O senhor também apanhou muito por causa da presença da sua filha em algumas negociações. Era necessário contar com a ajuda dela?
E a filha do Juvenal, que era do marketing do Habib’s (a empresa chegou a ser parceira do Tricolor)? Se eu não confiar na minha filha, vou confiar em quem? É que não achavam nada de mim e batiam nela.

O Ataíde enviou um e-mail aos conselheiros garantindo ter uma gravação na qual o senhor sugere a divisão de uma comissão na contratação do lateral Gustavo Cascardo, da Portuguesa. Como justifica?
O São Paulo ia comprar esse e outro jogador da Portuguesa, que não me lembro o nome. E eu sabia que o Ataíde estava duro. Então, disse que tinha um empresário que seria o credor da Portuguesa. A Lusa pagaria a ele e ele pagaria sob forma de honorários.

Mas como surgiu a ideia de dividir a comissão?
Para não deixar o Ataíde tão desconfortável, falei que a gente dividiria. Como quem diz: “Também estou no rolo”. Mas eu não ficaria com o dinheiro. Era só para ajudá-lo. Não preciso de dinheiro, graças a Deus.

O senhor e o Ataíde de fato trocaram socos?
Houve uma tentativa dele de me enforcar. Tudo começou no sábado, quando ele foi na minha sala no Morumbi e gravou o tal áudio. Aí, no café da manhã de segunda-feira, da diretoria, ele veio dizer que o negócio do Maidana estava esquisito. Respondi que ele e o pessoal da base que tinham começado o negócio e que passei a negociar porque eles eram incompetentes e perderiam o atleta.

E ele se ofendeu?
Do nada, o Ataíde bateu a mão na mesa. Eu também bati na mesa e disse para ele parar de ficar com frescura. Perguntei na frente de todo mundo se o Julio Casares havia emprestado dinheiro para o Ataíde. Ele disse que sim. Aí, o Ataíde pôs as duas mãos no meu pescoço. Para me defender, acabei quebrando a cartilagem de um dos dedos da mão.

Há um processo na Comissão de Ética que julga ambos. Teme ser expulso do clube?
Claro que não. Chance nenhuma. Até porque o que já houve de briga no clube… E nunca ninguém foi expulso.

O Ataíde também fala em irregularidades na venda do Douglas para o Barcelona. 
Eu negociei o Douglas com o presidente do Barcelona. A reunião foi dentro de uma sala no Morumbi com um monte de gente. Só que o negócio estava indo embora, quando o Juan Figer abriu a negociação novamente e, por isso, levou quase R$ 1 milhão de comissão. Não há nada de irregular.

E na compra do Wesley, outro citado pelo seu antigo vice?
Sabe quem negociou o Wesley? O Gustavo. Eu só assinei o contrato. Não fiz nada. O Wesley assinou um pré-contrato conosco enquanto jogava no Palmeiras e o Hugo Garcia, seu empresário, ganhou comissão na assinatura definitiva.

O que diz da ida do Denilson ao mundo árabe?
Ele foi negociado pelo Ataíde com um cara do Inter, que tinha um pedaço do jogador. Foi o Ataíde quem mexeu.

Por que o São Paulo comprou o Maidana por R$ 2,4 milhões, sendo que ele havia sido adquirido dois dias antes pelo Monte Cristo por R$ 800 mil?
Não sabíamos disso. Ele viria por empréstimo, com passe fixado em R$ 2 milhões. Aí, engrossou porque Inter e Cruzeiro entraram na briga. Ou a gente comprava ou perdia o negócio.

Como era a participação do senhor na escolha de reforços?
O Luiz Eduardo, por exemplo, quem descobriu com olhos clínicos foi o Milton Cruz. E quem fez o agenciamento? O filho do Milton. Eu deveria ter mandado embora o Milton, o Ataíde e mais um monte de gente do futebol no começo do ano.

Por quê?
Tive de proibir o Milton Cruz de levar o celular para o banco de reservas e para o vestiário, porque descobri que o Abílio Diniz ficava ligando durante o jogo para dar palpite sobre escalação. Veja se pode. O Abílio veio com as quatro patas para cima de mim. Eu disse que, se quisesse ajudar, que botasse a mão no bolso. E ele não pôs.

Pensa algum dia em voltar a um cargo diretivo no Tricolor?
Nunca mais, de jeito nenhum. Para falar a verdade, eu não devia ter renunciado. Me arrependo disso. E só o fiz porque várias pessoas próximas sugeriram. Minha renúncia pode parecer a alguns que foi um “quem cala consente”. Devia ter ficado, nomeado a diretoria com gente da oposição e me licenciado. Deixaria os caras investigando tudo e, se achassem um fio, eu renunciaria. Se não, voltaria soberano.

Se pudesse voltar no tempo, teria assumido a presidência?
Não. Foi um erro voltar ao São Paulo. Em 2014, eu estava numa zona de conforto, ganhava sem nem ir ao escritório. Não é fácil ficar ouvindo falarem mal da minha filha, da minha mulher. Me chamando de corno, viado, ladrão…

Como tem sido a reação das pessoas na rua?
Tive um problema só, mas nem consegui identificar a pessoa. Eu estava indo à padaria quando um cara num carro passou e gritou: “Aidar ladrão, fdp!”

Qual o tamanho da falta que o Rogério Ceni fará?
Está no meu currículo que fui eu quem assinou os dois últimos contratos do Rogério Ceni. Ele é uma entidade no São Paulo. É do tipo: ame-o ou odeie-o. Ou você joga o jogo dele ou está fora do jogo. Eu já achava que estava na hora de abrir espaço para outro goleiro no ano passado, mas houve uma baita pressão e ele ficou até agora.

Por que o clube não preparou um líder para substituí-lo?
Assim como o Juvenal Juvêncio não preparou sucessor, porque achou que seria eterno, o Rogério Ceni não deixava que surgissem líderes. Um exemplo era o Dória, que batia de frente com ele. O Rogério também não gosta do Pato pelo fato de ele ganhar muito. O Rogério marginaliza essas lideranças.

Arrependeu-se de ter contratado o Osorio?
Não me arrependi. Só não sei como ele ganhou o respeito incrível da imprensa e da opinião pública. Era um marqueteiro danado. Não repetiu o time uma vez em 22 partidas. Isso não é coisa de treinador, mas de alguém achando que o São Paulo é laboratório.

Mas o senhor não sabia que ele era adepto do rodízio?
Eu sabia que ele fazia rodízio, mas não sabia que punha goleiro de centroavante, lateral no meio-campo. Se soubesse, não o traria. Só me arrependo de não ter mandado a mensagem no celular dele antes. Fui eu quem mandou ele parar de rodízio para definir logo o time.

Como viu a morte do Juvenal Juvêncio?
Ouvi dizer que ele só resistiu a todo esse tempo porque não queria morrer antes de me derrubar. O Juvenal era uma figura folclórica, tenho o maior respeito por ele, que é cria minha.

Faria algo diferente à frente do São Paulo?
Eu não teria feito nenhuma daquelas brincadeiras, como o dente na boca, a história das bananas, que o Itaquerão é longe. Só não me arrependo de ter respondido ao Paulo Nobre, porque ele bateu primeiro. Embora eu pudesse responder num tom mais baixo. Talvez com uma nota.

Como classifica o ato do Ataíde, que gravou uma conversa às escondidas?
Eu acho isso a coisa mais desprezível do mundo, desleal, desonesta em termos de relação de amizade. É de uma desfaçatez incrível. E acho que o Leco só o manteve no clube para me afrontar.

Qual a realidade financeira do São Paulo hoje?
É uma situação difícil, porque o São Paulo tem dívidas na ordem de R$ 230 milhões, sem contar o serviço da dívida, de R$ 9 milhões por mês. É difícil, não é confortável, mas se trata de uma situação solucionável a médio e longo prazo. Desde que exista austeridade muito grande.

Não se arrepende de ter gastado R$ 14 milhões com o Kardec diante da crise financeira?
O São Paulo tinha dinheiro em caixa, porque o Juvenal havia antecipado R$ 50 milhões a três meses da eleição. Aí, ele pagou ao Tombense, quitou impostos atrasados, prêmios bichos, imagens… Restaram R$ 20 milhões, dos quais gastei uns R$ 15 milhões com o Kardec. O problema é que ninguém joga junto com o Luís Fabiano. É um grande ídolo, mas ficou velho.

Doriva, Chimello, Paulo Ricardo… porque nove pessoas contratadas pelo senhor foram mandadas embora pelo Leco?
Perseguição política. Elas foram dispensadas pela famosa caça às bruxas, sem avaliar a capacidade. Ainda foram buscar gente que já estava lá.

Há quem diga que o senhor também fez algo parecido, mandando embora funcionários de confiança do Juvenal.
Mandei embora uma copeira que ganhava R$ 3 mil por mês. Isso não é salário de copeira para servir café. Também mandei embora o jurídico, que era terceirizado e custava R$ 200 mil por mês. E teve o Gustavo, porque ele era sócio do Manssur, tem o caso Tombense, o Uram…

Por que o Rodrigo Caio não foi vendido ao Valencia?
A verdade é que o Rodrigo Caio afinou. No Valencia, ele não foi aprovado 100% no exame médico, consultou um especialista e constatou-se que havia uma pequena restrição. No mesmo ato, o Jorge Mendes abriu a porta do Atlético de Madrid, que preferiu contratá-lo por empréstimo. Se ele não tivesse problema, ficaria depois de um ano. Só que ele não topou, porque teria de disputar posição com três jogadores e ele quer jogar a Olimpíada pela seleção.

Se o Rodrigo Caio tivesse sido vendido, o senhor não teria negociado outros oito jogadores?
Eu venderia qualquer jogador. Disse diversas vezes que nenhum jogador do São Paulo é inegociável. Se interessasse aos dois lados…

Mas a perda dos jogadores tirou o São Paulo da briga pelo título.
Não. Quais titulares eu vendi? Denilson e Souza. Só! O Corinthians vendeu três titulares e foi campeão brasileiro, porque tem um treinador muito bom. O Tite é disparado o melhor do Brasil. Se pegar esse time do Corinthians, fica muito claro que tem a mão do técnico. Além do suporte da diretoria do futebol, que no São Paulo não tem. Porque os jogadores não gostam do Ataíde.

Fonte: https://esportes.yahoo.com/blogs/jorge-nicola/aidar-quebra-o-sil%C3%AAncio-diz-que-se-arrepende-da-060611127.html

Pesada essa entrevista, atirou pra todos lados, não que eu acredite muito nele, mas também não acredito que ele é o único vilão dessa história não!

Postado

Em quem acreditar? Eis a questão...
Eu gostei quando o Aidar assumiu o SPFC, seu discurso me parecia moderno e o ex presidente parecia ter bom gosto para futebol e negócios, quando ele começou a errar (muito pela arrogância) me surpreendeu demais, fiquei pensando "como um cara experiente que preza um discurso moderno fica cometendo tantos erros imbecis", a entrevista dele (se todos os fatos forem verídicos) responde parte das minhas dúvidas mas não exime-o da (grande) culpa.

  • Diretor Geral
Postado

A corja do Juvenal é uma escória que vai demorar pra ser posta pra fora do clube; mas o Aidar tem MUITA coisa a explicar também, ou seja, ninguém pode abrir a boca nesse conflito sem TER PROVAS.

Tão falando demais, mas comprovar o que falam ali com o preto no branco, até agora ninguém fez. A começar por essa história do áudio, umas das mais escrotas que já vi no São Paulo.

 

O SPFC deveria dissolver esse Conselho, órgão que só atrasa o nosso clube com esse monte de filho-da-puta dinossauro do caralho.

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