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O Bayern de Guardiola é melhor que o Bayern de Jupp Heynckes?


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O Bayern de Pep Guardiola é melhor do que o Bayern de Jupp Heynckes?

Publicado em 16/10/2015, 06:00 -- atualizado em 16/10/2015, 16:40
por Gustavo Hofman


GETTY
Guardiola assumiu o Bayern após a Tríplice Coroa de Heynckes
Guardiola assumiu o Bayern após a Tríplice Coroa de Heynckes

Já são dez vitórias consecutivas na temporada, goleadas sobre os principais rivais na Alemanha e um futebol vistoso e ofensivo. O Bayern Munique de Pep Guardiola inicia 2015-16 como o melhor time do planeta.

É o terceiro ano de contrato do treinador espanhol, que tem sua saída especulada para o final desta temporada. Independentemente de títulos, ficará a pergunta: o Bayern melhorou com Guardiola?

Para responder essa pergunta, precisamos resgatar todo passado recente bávaro e as mudanças conceituais que aconteceram em um dos maiores clubes do mundo.

No dia 10 de abril de 2011, Louis van Gaal foi demitido pela diretoria do Bayern. Após empate em 1 a 1 com o Nurembergue, os bávaros caíram para a quarta posição, atrás de Borussia Dortmund, Bayer Leverkusen e Hannover. O também holandês Andries Jonker, assistente até então, assumiu como interino e conduziu o time para a terceira colocação na Bundesliga. Na temporada anterior, Van Gaal conquistara o Campeonato Alemão, a Copa e a Supercopa do país.

Já em 2011-12, Jupp Heynckes assumiu pela terceira vez na carreira o Bayern. Ficou dois anos no clube e ganhou uma Liga dos Campeões, uma Bundesliga, uma Copa da Alemanha e uma Supercopa. Saiu em alta, com a conquista da Tríplice Coroa. Foi substituído por Pep Guardiola. Atualmente na terceira temporada, o espanhol já soma duas Bundesligas e uma Copa da Alemanha no currículo bávaro.

Quatro anos e meio depois de um terceiro lugar no Alemão, o Bayern reina absolutamente soberano no país.

"Sabíamos que hoje em dia só se pode ganhar títulos com o futebol que o Barcelona pôs em prática. O Barça começou a jogar como um time de basquete: com movimentação intensa e mudanças de ritmo, alternando posições, com posse de bola. O futebol moderno é assim, e talvez continue sendo assim o futebol da próxima década até que se implemente uma nova ideia. Como podíamos mudar nosso futebol antiquado pelo futebol de hoje? Com Louis van Gaal. E foi uma ideia acertada, porque renovou totalmente o nosso sistema. Ele fez a equipe jogar com posse de bola e alterou alguns movimentos. Começamos a praticar o jogo de posição em vez do estilo clássico do Bayern", afirmou Breitner.

Ou seja, era a semente de uma ideia que nascia. Algo muito maior do que apenas análises de resultados. A renovação teve sequência com Heynckes.

"Ele manteve o sistema do Van Gaal, mas mudou o conceito de apenas manter a bola. Viu que a ideia era boa, mas que era necessário desenvolvê-la com velociade, com mudanças de ritmo. Precisou de dois anos para implantar sua filosofia. Conseguiu no segundo turno do último campeonato, que ganhamos com recorde de pontos. No primeiro turno, de agosto a dezembro, ainda foi preciso corrigir movimentos".

Apesar de algumas controvérsias sobre seu desejo, Heynckes sinalizara para a diretoria que não seguiria no clube. O Bayern foi, então, atrás de alguém que desse sequência na renovação, um treinador capaz de fazer o futebol bávaro evoluir ainda mais.

"Heynckes ainda jogava com posições fixas, mas em alta velocidade e com o objetivo de marcar muitos gols. Não queríamos só a posse de bola, a ideia era marcar muitos gols. Agora, com Pep, já passamos à alternância de posições, à circulação constante da bola, à movimentação contínua dos atletas. Estamos a caminho de jogar como o Barça de dois ou três anos atrás, que jogou melhor do que nunca".

Com Guardiola, o Bayern queria seguir conquistando títulos e, acima de tudo, evoluir. Nesse caso, a evolução significa a continuidade do processo de renovação do futebol do clube, tão bem explicado por Breitner. E isso foi conquistado.

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Hoje o Bayern é um time de muita posse de bola (média de 67%), excelente aproveitamento nos passes (89%), bastante ofensivo (média de 19 finalizações por partida), alternância de posições dos atletas, variação tática enorme e pleno domínio dos adversários. O calcanhar de Aquiles tem sido a Liga dos Campeões.

Herdar a Tríplice Coroa da temporada 2012-13 foi uma missão ingrata. O padrão estabelecido foi o maior possível em termos de títulos, mas na Alemanha os números mostram que o time tem eficiência muito parecida desde então. Assim como no duelo contra o principal rival, Borussia Dortmund.

Fora das fronteiras germânicas, a disputa é muito mais equilibrada. É preciso olhar para rivais como Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Juventus e entender que a concorrência é cruel. Guardiola, porém, sabe que as derrotas contundentes para madridistas e culés são marcas negativas em todo processo que ocorre no clube.

Mesmo assim, o Bayern consegue gastar bem menos do que os grandes adversários em reforços. Desde julho de 2010, analisando as cinco maiores ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França), o Bayern é somente o 13º na lista dos gastadores, com 341 milhões de euros investidos em contratações.

De qualquer modo, a discussão é acima de tudo conceitual. Envolve algo bastante comum na imprensa esportiva, mas quase sempre deixado de lado: análise de desempenho x análise de resultado.

A evolução que a diretoria do Bayern pretendia com Guardiola foi alcançada. Afinal de contas, o estilo de jogo segue mudando. Falta ainda a Liga dos Campeões, uma das metas nessa revolução. Não necessariamente a maior.

O Bayern segue crescendo: em público, faturamento, qualidade do futebol e admiração por todo planeta. Valores mensuráveis e imensuráveis, e as três fases de evolução são fatores decisivos em tudo isso.

Resumir a conclusão da passagem de Guardiola pela Baviera a um único título, por mais importante que seja, é um erro. Mas essa não é uma história terminada.

@ESPN.com.br

Mais do que os resultados, o que vocês acham sobre a forma como se comportam os dois times... o outrora time do Heynckes ou este atual do Guardiola?

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Tem muito a ser levado em conta, e o Gustavo abordou isso muito bem. Não existe o melhor, porque levar em conta 3 anos de trabalho de cada um é muito relativo. Mas acho que pegando o auge de cada um, o de Guardiola venceria. Sou fã dele, e ele satisfaz meu desejo quando assisto a algum campeonato europeu: quero ver times jogando muito bem, craques surpreendendo e quebrando marcas, e técnicos com sacadas táticas sensacionais. É o que ele traz.

O Pep evoluiu como treinador. Pra quem cometeu os mesmos 'erros' nas semifinais de Champions em 2010 (vs Inter), 2012 (vs Chelsea) e 2014 (vs Real Madrid), hoje vemos que ele experimenta variações, inclusive lançamentos longos -- coisa que nunca pensei que veria de algum time dele -- vindos principalmente do Boateng e do Alonso. O Bayern joga com concentração no máximo durante todo o jogo, o time é fantástico. Cada vez mais novas jogadas surgem, e o time muda taticamente durante o jogo facilmente. Não vejo ninguém no nível do Bayern essa temporada. É inegável que a cada temporada dele o time evoluiO elenco é recheado, com peças de reposição de qualidade muito maior que as dos tempos de Barça (apesar de, claro, não ter Messi).

"Mas não ganhou a UCL".

Sobre isso...

Do mesmo jeito que perdeu as duas, poderia ter sido campeão das duas. Como no Barcelona, onde ele cometeu os mesmos 'erros' em 2010 e 2012, e não mereceu ganhar a semi de 2009. Mesmo assim, poderia ter ganhado as 4 UCL pelo que seu time fazia, assim como poderia perder as 4. O jogo do Pep é assim, independente do título ou da vitória. Perto do que ele produz, do legado e da evolução que traz pro time, momentos de decisões equivocadas são "detalhe" (discernimento aqui, caro leitor). Enquanto não acontece, pode dar muito certo ou muito errado.

Concordo, houveram falhas principalmente contra o Real. A forma como deixou a defesa adiantada nos dois jogos foi um erro fatal. Mas foi um jogo onde o placar não foi realmente sincero com o volume de jogo apresentado. Contra o Barça já não vejo o o Guardiola vilão, o Barcelona estava em uma fase espetacular. Enquanto isso, o time dele tava cheio de desfalques – incluindo os dois pontas que desequilibram --, e um dos três maiores jogadores da história resolveu acabar com o jogo em minutos, porque até então a classificação tava na mão do Bayern, que conseguia levar empate sem gols pro Allianz.

Mas porque então ele é tão criticado por jornalistas e torcedores?

Na minha opinião, muito desse espírito dos torcedores com respeito ao Guardiola é por causa da última temporada do Jupp, que foi mágica. No Barcelona era recuperar algo, e ele já tinha identificação com o clube. Já no Gigante da Bavária, ele chegou pra evoluir um time que tinha ganhado uma esplêndida Tríplice Coroa. Menos que isso não era aceitável. Logo, ele desapontou quem esperava isso. Não é fácil satisfazer essas expectativas.

A maneira como os torcedores receberam o Guardiola foi diferente. No Barcelona o time estava um caos, tinha tomado goleada do Real Madrid (4-1) e ficado atrás do Villarreal (em 3º) na Liga, com problemas extra campo do Ronaldinho e etc. Então ele chegou, humilhou o Real Madrid (histórico 6-2) e ganhou sextete. Já era ídolo como jogador, virou semi deus na Catalunha.

O que impressiona é o tamanho da pressão externa negativa, vinda de ex-jogadores e muitos torcedores querendo dar pitaco no trabalho dele, achando que ele nem sabe o que tá fazendo e tá inventando demais. Quem não admira geralmente pensa que o trabalho dele não faz muita diferença, que outro ali que não 'inventasse com frescuras' faria um trabalho talvez até melhor. Barcelona de 12/13 tá aí pra provar o contrário.

Acho que é reclamar de barriga muito cheia, porque enquanto isso no meu Barça o MSN (o M fez mais da metade do serviço) ganhou triplete por conta própria na temporada passada, mas o técnico quase botou tudo isso a perder. E nessa temporada dá pra ver que ele é tão limitado que nem um 4-4-2 pra melhorar o time apesar dos desfalques ele não consegue.

Sinceramente, alguns cornetas de Guardiola no Bayern fazem parecer que o time teria ganho as duas UCL seguintes se tivessem mantido Jupp Heynckes e que nenhum deles teria achado péssimo se o clube não tivesse conseguido contratar Pep durante seu sabático. Merecem o Profexô ou Papai Joel pra próxima temporada.

"Quero ver ele assumir o Liverpool, Milan ou BvB e provar seu valor!"

Entendo, mas não concordo.

Pep quando assumiu o Barça veio do time B catalão. O Barcelona estava na época, como eu disse ali em cima, uma bagunça. Os medalhões Ronaldinho e Deco tinham saído, mas o time base pouco mudou. A filosofia de jogo que tinha mudado bastante. O início de temporada do Barça, que estava ainda sendo tratado como 'fator novo', foi chocante! O time jogava um futebol muito diferente: Dani Alves deu ao time uma segurança totalmente diferente no lugar do sonolento Zambrotta; Piqué foi um dos grandes achados da janela de transferência; Touré e Iniesta evoluíram de maneira inacreditável. Os meias de repente se tornaram titulares em qualquer equipe deste planeta. Ou seja, teve muito dedo do Pep ali. E assim foi durante todos os anos dele no Barça.

Ele saiu 'apenas' porque desgastou, e, ainda inexperiente, não soube se renovar. Logo no início do livro "Herr Pep" é tratado esse tema. Quem trabalha em uma instituição conhece o quão difícil relações interpessoais são, imagina em um ambiente de egos tão inflados quanto um vestiário de futebol. Mas Pep saiu de Barcelona como o melhor treinador do mundo naquele momento e, convenhamos, era uma nomeação justa.

O grande problema do Pep no Bayern não é necessariamente os resultados ou a forma de jogar do time, mas sim a 'ingrata' herança deixada por Jupp Heynckes com um time totalmente encaixado e campeão da Europa. Logo, pensamos: "Se Heyckes fez tudo isso, imagina o que Pep fará?". Nisso, ele ficou abaixo das expectativas. Não porque ele foi fraco, só não superou as metas estratosféricas que todos desenharam. Mas Bayern de Pep joga muito bonito. Em todas as temporadas de Guardiola como treinador o time é o grande favorito ao título europeu, não só pelo elenco mas pelo futebol apresentado.

Logo, não acho válido criticar tanto assim o Pep. Ele é como Usain Bolt: Se o jamaicano apenas vencer e não bater o recorde mundial, parece que está faltando algo. Hoje Pep vive com o mesmo estigma, ele está vencendo na liga alemã que estava muito equilibrada até a chegada do mesmo, mas não está batendo o recorde mundial. Então falta alguma coisa.

"Este é o melhor time que já enfrentei", foi o que disse Sir A. Ferguson depois da final da UCL de 2011. Acreditem ou não, Pep ainda conseguirá montar um time tão espetacular quanto.

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O time do Guardiola. E isso não só por tudo o que ele é, mas porque o time dele deveria ser melhor mesmo, como fica evidente nessa análise do Breitner, a qual eu já havia ouvido antes. O planejamento do Bayern quanto a essa reestruturação foi absurdo e Pep era um sonho antes mesmo da chegada dele, mas na época ele ainda tinha contrato com o Barcelona e estava em alta lá.

O Bruno Caetano praticamente falou tudo. Assino embaixo em tudo o que ele falou. E tem mais: o diferencial do Pep é justamente o trabalho. Ele é obcecado - e isso é bem retratado no "Herr Pep", já citado pelo Bruno. O cara é absurdamente obcecado e não descansa enquanto não achar uma solução para todo e qualquer problema. Fora que ele tem uma visão espetacular. A mudança de posição do Lahm prova isso. O impensável esquema SEM ZAGUEIROS DE OFÍCIO idem. O cara basicamente trouxe de volta à tona o 2-3-5 que era utilizado lá atrás, no início da história do futebol. Trouxe e botou em prática de forma perfeita. Ele consegue tirar o máximo e o melhor de cada um dos atletas que estão a sua disposição. Aí entra de novo o que o Bruno disse: os meias do Barcelona, "do nada", passaram a ser carta certa em qualquer time do mundo. Em qualquer 11 titular de qualquer time do mundo. Antes dele, porém, não. Ele faz um trabalho incrível no coletivo e no individual, dentro e fora de campo.

Por muito tempo tive minhas ressalvas quanto ao Pep. Sempre fui mais fã do Mourinho e até por isso olhava torto pro espanhol. Mas com o tempo comecei a ver que estava errado. Esse cara é um absurdo. É coisa de outro mundo. Se dizem que Messi não é humano, no que diz respeito aos treinadores vejo Pep no mesmo patamar que o argentino em relação aos jogadores.

E não é por nada... mas "quero ver assumir time x ou y": eu não tenho dúvida nenhuma de que assumiria e faria um trabalho mais do que espetacular.

  • Vice-Presidente
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Eu acho que as maluquices do Pep dão certo porque ele joga em campeonatos desbalanceados. É inegável a diferença de qualidade dos elencos que ele assume em relação a concorrência, o que não desmerece o trabalho dele, mas provavelmente não veria ele fazendo isso em ligas aonde a diferença de elencos são menores ou que ele não tenha os jogadores da qualidade necessária. Mas provavelmente ele teria o bom-senso de não fazer as maluquices que faz. Não sou dos que acha que ele precisaria ir para um time menor para se provar, já é um enorme treinador, mas acredito que ele tem respaldo técnico para poder exercer essa maluquices.

Quanto ao futebol, eu prefiro o praticado pelo time do Jupp Heynckes, o mesmo futebol que estuprou o Bayern do Guardiola quando o Real ganhou La Décima. E em títulos, o Heynckes foi mais expressivo, já que levou a Champions e um vice, mas se as coisas continuarem no ritmo que estão, logo o Guardiola corrige isso.

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Acho que no quesito resultados, ficou devendo a passagem. Faltou levantar a UCL, que pode acontecer nessa temporada. No futebol, eu gosto muito mais de assistir esse time do Guardiola jogar. Variação a dar com o pau, jogadores extremamente polivalentes, independente de um grande artilheiro pra marcar (embora tenha), bola longa, bola curta, drible, passe, ocupação de espaços e por ai vai. É um show de ver. Mas ainda falta ser efetivo o suficiente pra catar a UCL.

Eu arriscaria certo que essa é a última temporada do Guardiola no Bayern. Vai ser muito bacana ver pra onde ele vai. De repente assumir um time inglês, imagina.

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