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Exclusivo: técnico da Islândia conta como colocou país no mapa do futebol europeu


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Exclusivo: técnico da Islândia conta como colocou país no mapa do futebol europeu.

por Alex Sabino

Na primeira convocação como técnico da seleção da Islândia, em 2011, o sueco Lars Lagerback reuniu o elenco e fez uma promessa que ninguém acreditou muito. Nem o próprio treinador.

“Nós podemos conseguir algo muito especial”, jurou.

Era uma afirmação vaga, ele mesmo admite isso hoje em dia. Mas é difícil argumentar que a garantia, seja lá qual fosse a intenção, foi cumprida.

“Quando cheguei, os jogadores estavam conformados com a condição de simples coadjuvantes. Não havia esperança. Logo no primeiro momento, minha preocupação foi mudar isso. Eles tinham de acreditar que não eram sacos de pancadas para os adversários”, afirma o sueco, em entrevista ao Esporte Final por e-mail nos últimos dias de setembro.

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[Lars Lagerback, o sueco que colocou a Islândia no mapa do futebol mundial (Divulgação/KSI)]

Lagerback, 67, classificou um país de 323 mil habitantes para a Eurocopa de 2016 na França. Na campanha das eliminatórias, deixou para trás Holanda, República Checa e Turquia. Jamais um país de população tão pequena avançou para a fase final do torneio europeu de seleções.

Neste sábado, a Islândia recebe a Letônia apenas para cumprir tabela. Depois enfrenta a Turquia, terça-feira, e pode complicar a vida da tradicional Holanda, muito ameaçada de não ir sequer à repescagem.

Enquanto isso, Lagerback está relaxado. Não importa o que aconteça daqui para frente, sabe que excedeu qualquer expectativa. Quando prometeu “algo muito especial” ao elenco, a Islândia ocupava a 125ª posição no ranking da Fifa. Agora é a 23ª.

“Eu tenho certeza que quando chegar o momento para o sorteio dos grupos (da Eurocopa) todos vão querer nos enfrentar porque somos a menor seleção, nunca estivemos no torneio… É normal. O que posso dizer é que estamos preparados para que os nossos adversários se arrependam por desejar isso”, completa.

A frase de Lagerback soa tranquila com a constatação. Ele sabe que já ganhou o jogo. Em uma profissão em que a última imagem é a que fica, está na elite da Europa. Aceitou um cargo que poucos nomes de alguma expressão no continente aceitariam e chegou próximo do topo da montanha. É chavão, claro. Mas as frases viram chavões por um motivo: têm pelo menos um fundo de verdade. Classificar a Islândia para a Eurocopa é como ganhar um título.

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[Lagerback comemora classificação com jogadores após 0 a 0 com o Cazaquistão na última rodada]

A satisfação é evidente porque seus trabalhos anteriores não terminaram bem. Em 2010, pediu demissão da Suécia após falhar na busca pela vaga para a Copa do Mundo da África do Sul. Ele havia comandado a equipe nos mundiais de 2002 e 2006 (duas eliminações nas oitavas de final) e às Euros de 2004 e 2008 (quedas nas quartas de final e fase de grupos, respectivamente). Teve uma curta e tumultuada passagem pela Nigéria em 2010. Saiu reclamando de interferência de dirigentes e sob acusações de que seu empresário pagou para que ele fosse o escolhido. Algo que sempre negou.

“Não vivi os bastidores do futebol africano por muito tempo, então não posso dizer o que eles devem ou não devem fazer para melhorar. Os jogadores são talentosos. Têm um talento natural para o futebol. Mas a estrutura é muito precária, para dizer a verdade”, constata.

Não podia dar receitas para os africanos, mas para os islandeses, sim. Antes de aceitar o cargo na seleção, fez diagnóstico das condições do futebol no país.

A primeira constatação foi óbvia. Para o futebol crescer no país as pessoas tinham de achar lugares para jogar. Pediu que a federação local investisse em campos de dimensões oficiais e colocasse à disposição de crianças, escolas, comunidade e a liga local, que tem média de 1.100 pessoas por partida. Sete foram construídos. Houve também gastos com campos artificiais e indoors que permitem que o esporte seja praticado o ano inteiro, não apenas no curto verão nórdico.

“Era preciso investir na formação de treinadores. Você só tem renovação se os jovens estiverem praticando o esporte e melhorando a cada dia. Isso só acontece com a presença de técnicos capacitados”, completa.

Na prática, Lagerback acumula os papéis de treinador e conselheiro. Ele não está no país o tempo inteiro. Apenas duas vezes por semana, se tanto. A quantidade de atletas para serem considerados a cada convocação é pequena. No máximo, 40. “Temos relatórios semanais do desempenho de cada um. Quando aparece algum nome novo, eu viajo para vê-lo pessoalmente”, explica.

O rosto mais famoso da história do futebol islandês é Eidur Gudjohnsen. Aos, 37 anos, o ex-atacante de Chelsea e Barcelona está no futebol chinês. Ainda é convocado. Mas a joia da coroa é o meia Gylfi Sigurdsson, do Swansea, time galês que joga na primeira divisão da Inglaterra.

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[Sigurdsson, o melhor islandês da atualidade e principal aposta do país na Euro]

“Ele não recebe o crédito que merece porque não está em um dos principais clubes da Europa. Na minha visão, está entre os melhores. É um jogador completo”, se rasga em elogios Lagerback.

Faz parte da estratégia de fazer com que os islandeses acreditem em si mesmos. Ele defende que a Islândia está no mesmo nível da Suécia sem Ibrahimovic, de Portugal sem Cristiano Ronaldo.

“Nós temos uma base e um trabalho sério. Podemos ir mais longe do que as pessoas pensam.”

Foi isso o que a Islândia fez ao se classificar à Eurocopa. Já havia chegado perto da Copa do Mundo no Brasil. Perdeu apenas nos playoffs das eliminatórias para a Croácia.

Lagerback não vai ficar no cargo por muito tempo. Oficialmente, comanda a seleção com o local Heimir Hallgrímsson, que deve substituí-lo após a Eurocopa. Até lá, o sueco quer fixar na mente dos seus jogadores, de uma vez por todas, que eles podem enfrentar qualquer um de igual para igual. E “qualquer um” signifca qualquer um mesmo.

“O futebol não é o mesmo de 30 anos atrás. Ainda há muita gente que pensa em nome, camisa. Isso não existe mais. Se você me perguntar se a Islândia pode ganhar da Alemanha ou do Brasil, minha resposta hoje em dia seria ‘não sei’. O que é muito, se olhar o tamanho e tradição da Islândia. Digo que nós temos condições de enfrentar e competir com qualquer seleção do planeta”.

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Quando saiu o sorteio lamentei muito a Croácia ter ganho aquela eliminatória. Eu ia ficar felizão se nossa estreia em 2014 fosse contra a Islândia! =D

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O trabalho bem sucedido deles vem muito mais de uma conscientização de bastidores. Colocar na conta exclusivamente do Lagerback é exagero. O Renato tinha um documento, acho que era um TCC de jornalismo ou de algo relacionado com esportes, que contava todo o planejamento que a Federação Islandesa fez pra melhorar o esporte no país.

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O trabalho bem sucedido deles vem muito mais de uma conscientização de bastidores. Colocar na conta exclusivamente do Lagerback é exagero. O Renato tinha um documento, acho que era um TCC de jornalismo ou de algo relacionado com esportes, que contava todo o planejamento que a Federação Islandesa fez pra melhorar o esporte no país.

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Estudo sobre o desenvolvimento do futebol na Islândia. Mais um tapa na cara.

Também recomendo: The Icelandic roadmap to success | These Football Times. Resume muito do que eu acho que tinha que acontecer aqui no Brasil. Com gente capacitada e treinadores com alto nível de conhecimento todo o resto (desde infraestrutura até o tipo de jogador) é influenciado até chegar no campo.

  • Leho. mudou o título para Exclusivo: técnico da Islândia conta como colocou país no mapa do futebol europeu
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Convenhamos que a geração da Islândia também é boa e não vejo ela só de Sigurdsson: Finnbogason, Gunnarson são tão bons quanto o Gylfi. 
Quanto as mudanças que o Lagerback implantou no futebol da Islândia, pedindo pra federação investir em campos e etc não é tão incrível, dado a pequinês do país, mas não discordo que sejam ótimos câmbios.  
Amanhã a Islândia tem que fazer o dela, numa boa, até porque a Turquia vai vir on fire contra a Republica Tcheca. 

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Torço muito para que a Islândia tenha sucesso daqui pra frente..Comecei um save no FM na Islândia a alguns meses e deu pra ver que as condições de campo, treino tanto para seniores quanto para juniores é de alto nível mesmo para um campeonato curtíssimo com 12 equipes apenas e com todos os times se status semi-profissional e amador...Me identifiquei bastante com o país, que por sinal é um dos mais perfeitos do mundo...

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