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Bruno Caetano.

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Vale a pena ouvir o que Eto’o tem a dizer sobre racismo no futebol

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Samuel Eto’o encaminha-se para o fim de sua carreira na Sampdoria, e os vários anos de experiência dão a ele credibilidade na hora de falar sobre o esporte. Como vítima de racismo desde seus anos na Espanha, pelo Barcelona, este assunto também lhe é caro, e suas vivências e maneira de lidar com o problema rendem observações interessantes. Mais do que ver aquilo que o centroavante faz dentro das quatro linhas, vale a pena ouvir o que o homem Eto’o tem a dizer sobre discriminação racial e talvez tentar entender o peso disso para alguém em sua posição.

Em entrevista à CNN, o atacante contou como foi pego de surpresa na primeira vez em que foi vítima de racismo no futebol. Afirmou que já havia sido discriminado anteriormente, mas que, no início de sua carreira, imaginava que sua profissão e toda a idolatria que a envolve lhe blindariam dos ataques. O episódio em Zaragoza, em 2006, lhe mostrou que a realidade era diferente.

“A primeira vez que vivenciei racismo não foi em um campo de futebol, e a verdade é que não esperava que pudesse passar por isso em um campo de futebol. O fato de você sser um futebolista te faz pensar que isso não acontecerá com você, porque você traz paixão, expressa muita emoção. E, quando aconteceu comigo, eu não conseguia acreditar. Ronaldinho e Deco vieram até mim, dizendo: ‘Cara, se você sair, sairemos contigo’. Frank (Rijkaard) veio até nós e disse: ‘Não. Se essas pessoas compraram ingressos, foi para verem os macacos jogarem, então vamos mostrá-los que nós, os macacos, sabemos jogar futebol. E é essa lição que vamos dar: somos melhores do que eles'”, relembrou o atacante.

“Você nasce com amor, você aprende o ódio, e isso foi algo que descobri naquele dia”, afirmou Eto’o, sobre o caso em Zaragoza.

A passagem pela Espanha não foi a única que teve algum episódio do qual Eto’o provavelmente preferiria se esquecer. Enquanto defendeu o Chelsea, o atacante passou por um incidente, fora do futebol, que o fez questionar a própria irmandade entre pessoas da mesma cor. Passando por uma loja, viu um relógio que lhe agradou e entrou no estabelecimento. “Perguntei à vendedora, negra como eu: ‘Você poderia me mostrar aquele relógio, por favor?’ Primeiro, a vi virar para trás, olhando para os colegas como se dissesse: ‘O que eu faço?’ Eventualmente, ela me deixou ver o relógio. Olhei para ele e disse: ‘Ok, vou comprá-lo’. Tirei meu cartão de crédito, e, quando ela foi passar na máquina, retornou e disse que havia sido recusado. Perguntei-lhe se havia sido recusado ou se ela não queria aceitar, porque isso já aconteceu comigo várias vezes, e ela me disse: ‘Não, foi recusado’.”

Eto’o então chamou seu irmão, que estava próximo, lhe pedindo que trouxesse outro cartão de crédito. O irmão do atacante deu uma dura na vendedora, que respondeu que, recentemente, alguns nigerianos haviam ido a loja dias antes com cartões de crédito falsos. “Se um dos meus comete um erro, eles julgam todos nós. Amanhã, se um homem branco, na África, comete um erro, deveríamos julgar todos os brancos? Não”, afirmou o camaronês.

Quando futebol e racismo são assuntos da mesma conversa, tem sido comum ter a Rússia, sede da próxima Copa do Mundo, como um dos tópicos. A preocupação com a reprodução de atos racistas dentro do principal torneio do esporte é grande entre pessoas de todos os cantos. Eto’o, que passou um período no país, defendendo o Anzhi Makhachkala, acredita que os esforços recentes para superar a questão darão certo e que o racismo não será um problema no Mundial.

“Na Copa do Mundo da Rússia, você verá que não haverá incidentes assim. Espero que não, porque já joguei lá e tive um grande momento. Sei dos esforços que os russos estão fazendo para tentar melhorar algumas coisas que aconteceram lá, e temos que apoiar esses esforços”, opinou.

O futebol é bonito, porque, independentemente de vitória, empate ou derrota, você pode dar as mãos para o seu oponente, seja ele branco, negro, vermelho ou azul. Isso é o futebol, é aí que o futebol vence, mas quando incidentes como esses acontecem, é uma pena. Mas não significa que isso acontecerá durante a Copa do Mundo por ser na Rússia. Estive lá e vivi uma bela experiência”, completou o jogador, esperançoso de que sua experiência pessoal se repita durante a Copa.

Eto’o diz que percebeu uma evolução do mundo do futebol no combate ao racismo. Todas essas palavras acima foram ditas após a condecoração que o jogador recebeu em Londres, no evento “Conselho Europeu Sobre Tolerância e Reconciliação”. “Você pode vencer a Champions League, pode vencer campeonatos, marcar gols, mas representar uma luta que afeta milhões e milhões de pessoas é algo único”, ponderou o jogador, orgulhoso do papel que pode desempenhar em sua carreira.

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Racismo escancarado: torcedores do Chelsea impedem um negro de entrar no vagão do metrô

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Diante de tantos casos em diversos continentes, onde governos em países do primeiro ao quinto mundo lutam (talvez não como deveriam) sem sucesso contra o racismo no futebol, muitos dão soluções e medidas práticas para solucionar casos assim. O que vocês acham que pode ser feito, principalmente no Brasil?

A questão é abrangente, e envolve diferentes discussões. Mas quais suas principais medidas para 'solucionar' casos assim?

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