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Herói no Sport em 2005, Jadílson perde tudo e hoje vive de bicos


Guest João Gilberto

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Guest João Gilberto
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Herói no Sport em 2005, Jadílson perde tudo e hoje vive de bicos

"Achei que o dinheiro não iria acabar", diz o ex-atacante, que viveu dias de glamour

Jadílson tinha 23 anos quando trocou o Atlético-PR pelo Shabab Dubai, transferência que rendeu dinheiro suficiente para desvirtuá-lo da realidade. Entre 2003 e 2005, transitou entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes e ganhou mais dinheiro do que um dia ousou imaginar. "Achei que o dinheiro não iria acabar", diz, ao lembrar dos tempos de vacas gordas no Oriente Médio.

Quase uma década depois, aos 34 anos, está praticamente aposentado do futebol. Sem nenhuma renda fixa, ajuda o irmão que trabalha numa fábrica de produção de gesso e um amigo que é dono de um restaurante perto de sua casa. Na verdade, é mais ajudado por eles.

- Hoje eu não tenho uma fonte de renda. Às vezes ajudo o meu irmão colocando gesso e também um amigo meu num restaurante aqui perto. Varia muito o que eu ganho entre R$100, R$150. Com isso dá para eu me virar um pouco.

A casinha simples onde mora é ironicamente chamada de "castelo" pelo próprio Jadílson durante o trajeto em que conduz a reportagem até ela. Os policiais com armas em punho por entre os becos do caminho são cena comum, avisa o ex-atacante. A pequena casa, na periferia do bairro do Ipsep, é um contraste absoluto com os três apartamentos à beira-mar da Avenida Boa Viagem - uma das mais nobres do Recife - todos vendidos para pagar pensões. São quatro filhos: cada um com uma mulher.

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Jadílson hoje mora numa casa muito simples no bairro do Ipsep (Foto: Lucas Liausu)

Da época de glamour, só sobraram as lembranças e um carro. O mesmo Golf que adquiriu quando defendia o Sport; antes, símbolo de status, objeto de desejo por jovens jogadores que circulavam pelo estacionamento do clube; hoje, retrato da decadência. O dinheiro evaporou em noitadas, mas talvez o mais doloroso para ele seja ver que os amigos também sumiram. Os dias rodeados de gente, em farras, já não se repetem.

- Eu achava que tinha amigos. Achava que as pessoas que estavam comigo naqueles momentos eram meus amigos de verdade, mas alguns me levavam para o mal caminho. Sei que eu já era adulto, mas me influenciei muito pelas amizades. Me decepcionei muita gente. Hoje muitos deles estão afastados. Posso dizer que 99% dos meus amigos daquela época estavam comigo por interesse.

HERÓI NO SPORT

Apesar de recifense, o atacante só foi despontar no Atlético-PR. Na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2002, marcou três gols na vitória por 4 a 0 sobre o Juventude. No ano seguinte, pouco jogou no Furacão antes de se transferir para o Oriente Médio. Na volta ao Brasil, dois anos depois, vivenciou o momento mais marcante. Repatriado pelo Sport, através de um empréstimo junto ao Atlético-PR, Jadílson viveu dias de herói na capital pernambucana. Graças a um jogo.

Na noite de 23 de agosto de 2005, o Leão perdia por 2 a 0 para o Bahia na Ilha do Retiro e se complicava na luta contra o rebaixamento. Até que aos 32 minutos do segundo tempo, Éder marcou o primeiro gol rubro-negro. Jadílson, que assim como Éder havia sido acionado na volta do intervalo, marcaria o segundo e o terceiro. O primeiro aos 36, de cabeça. O segundo, aos 44, num lance de raça e oportunismo que até hoje não sai da memória. Nem de Jadílson nem da torcida rubro-negra. Aquele último gol ficaria marcado por ter evitado o rebaixamento do Sport à Série C - ainda que tenha rendido um salto para o nono lugar na classificação. De fato, o Leão só não caiu por um gol naquele ano.

- É difícil esquecer daquele gol. Aonde eu vou, todo mundo fala desse lance. Na época, foi muita gente chorando, todo mundo me chamando de herói. Sou muito feliz por tudo isso.

Não demorou para se firmar como titular e virar um ídolo em potencial da torcida rubro-negra. Os dias de glamour, agora, eram desfrutados na cidade onde nascera e crescera. Recebia cerca de R$ 30 mil reais por mês e, em algumas ocasiões, conseguiu a proeza de gastar quase um terço do salário em uma noite.

- Eu chegava a gastar por dia de cinco mil a oito mil reais em farras. Às vezes chegava até a dez mil. Estava empolgado. Ia para pagodes, gastava muito dinheiro com mulheres, bebidas. Isso tudo é uma bola de neve. Quando você vai ver, não tem mais como voltar atrás - diz.

O CALVÁRIO DE LESÕES

A relação com o Sport se fortaleceu e ele tinha tudo para deslanchar nas temporadas seguintes. Após um breve retorno ao Atlético-PR após a Série B de 2005, o atacante retornou à Ilha do Retiro antes do início da temporada 2006. Na estreia do Campeonato Pernambucano, marcou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre o Estudantes, fora de casa. Vivia o céu, quando passou em branco na vitória por 3 a 0 sobre o Serrano, na Ilha do Retiro, na segunda rodada. A ausência do gol foi o de menos. Pela primeira vez na carreira, Jadílson rompia os ligamentos no joelho. Era apenas o início de um calvário. Marcado por grave lesões. Sete meses depois, ele desfrutaria de um retorno de gala ao marcar os dois gols na vitória por 2 a 0 sobre o Coritiba, pela Série B.

Outra vez, criou-se enorme expectativa. Aos 25 anos, o futuro sorria para Jadílson. Excelente finalizador, técnico, muito forte e rápido, tinha todos os predicados de um grande atacante. Faltou sorte. Seis jogos depois, sofreria o segundo rompimento de ligamento no joelho. Estava encaminhada a segunda das quatro cirurgias a que seria submetido ao longo da carreira. A terceira veio emendada, antes mesmo de uma nova volta aos gramados. O que só ocorreria quase um ano depois, em setembro de 2007. Outro dia triste.

Acionado no segundo tempo do clássico contra o Náutico, nos Aflitos, pela Série A, Jadílson recebeu uma entrada duríssima do zagueiro Vágner. Em poucos minutos, o sonho do retorno aos gramados após o maior período de inatividade se transformou no pior dos pesadelos. Num lance polêmico, o adversário atingiu em cheio o outro joelho, até então livre da mesa cirúrgica. A imagem é forte. Jadílson guarda a foto no celular até hoje.

Era o fim. Não o fim da carreira propriamente dita, mas ele jamais voltaria a vestir a camisa do Sport num jogo oficial. O ano de 2008 foi marcado por desleixo. Jadílson já não se empenhava no processo de recuperação. E, depois de passar pela quarta cirurgia, seria dispensado ao fim do contrato, depois de passar o ano inteiro sem a mínima condição de jogo. Ano especial, em que o Sport se sagrou campeão da Copa do Brasil e garantiu vaga na Libertadores.

A TRISTE RETA FINAL

Nos últimos anos, chegou a ter passagens discretas por Náutico e Santa Cruz. Em 2009, no Timbu, sequer assinou contrato. O clube colocou o departamento médico à sua disposição, mas Jadílson foi dispensado por falta de empenho. Em 2010, assumiu a vice-artilharia do Campeonato Pernambucano, pelo Vitória de Santo Antão, e foi parar no Santa Cruz, então na Série D. Pouco durou no Arruda. A partir daí, rodou por clubes menores: Confiança-SE, Crateu-CE, Jaguar-PE e, por último, Crato-CE. Em 2009, depois de deixar o Náutico, ainda esteve no Central, também sem sucesso.

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Jadílson caiu, mas não se esconde. Podia colocar a culpa em vários fatores. Na inexperiência, no assédio e nas lesões. Mas, puxa para si a responsabilidade.

- Eu me arrependo de tudo. Se fosse hoje eu não faria o que eu fiz. O culpado de tudo isso fui eu mesmo. Eu que procurei isso. Ninguém me amarrou e me levou à força para os lugares. Não posso falar nada de ninguém. Só que eu sou o culpado.

Empresário revela sentimento de derrota

Responsável pela carreira do atacante desde o início, quando despontou no Unibol, o empresário Nivaldo não consegue contar quantas vezes tentou aconselhá-lo. As conversas, no entanto, eram em vão. Hoje, o sentimento é de perda.

- Trabalhamos juntos por mais de dez anos e nesse tempo todo eu falava com ele. Sempre recebi muita queixa do comportamento dele e o orientava quanto a isso. Muitas vezes, ele nem ia no meu escritório, porque sabia que eu ia falar sobre isso. Eu puxava para um lado, e ele para o outro. Foram várias batalhas. Mas perdi a guerra. Eu tinha um diamante nas mãos.

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Há dois anos, Jadílson comunicou ao empresário que não iria mais continuar. Ficou parado em 2013, mas este ano aceitou o convite de um amigo para defender o Crato-CE. Não ficou mais de dois meses por lá, mas não descarta um novo retorno.

Hoje, se aparecer um clube querendo me contratar, eu vou. Enquanto isso, vou levando a minha vida aqui tranquilamente. Se aparecer um convite, vou ficar muito grato. Queria jogar mais um Campeonato Pernambucano.

Apesar da vontade, o próprio Jadílson sabe que hoje em dia não é um jogador confiável. Se colocando no lugar de um presidente de clube, deixou claro que nem ele mesmo apostaria plenamente no sucesso da parceria.

- Se eu fosse o presidente de um clube, eu contrataria o Jadilson com um contrato de risco de três meses. Já joguei assim e dei certo - diz.

Aos 34 anos, porém, o futuro parece um labirinto sem saída. A história de Jadilson parece mesmo ter ficado lá trás.

- Na mesma velocidade que eu subi, eu caí.

GLOBO ESPORTE

Quando vejo um negócio desses não sinto pena, sinto é raiva!!!

:kidding:

Postado

Lembro desse bicho no Fluminense. Bom, taí: quem quiser pensar duas vezes antes de fazer cagada, tem um exemplo aí.

Postado

Pensei que fosse o Jadílson que jogou na LE do Grêmio.

É complicado. Esse tipo de situação, infelizmente, não é rara no futebol brasileiro.

Uma pessoa extremamente ignorante que fica muito rica "do dia pra noite", raramente vai dar certo, porque ai vem gente interesseira cercar e tudo mais...

Não lembro desse jogador, mas teria idade pra continuar, se tivesse se cuidado. Trinta e poucos anos e já tá passando necessidade. E o que vai ser do futuro desse cara? E dos filhos dele?

È uma bola neve, bah...

Postado

Lembro desse bicho no Fluminense. Bom, taí: quem quiser pensar duas vezes antes de fazer cagada, tem um exemplo aí.

Do Fluminense não é o lateral-esquerdo que jogou no Goiás e aqui no Grêmio?

Postado

Eu tava nos Aflitos quando Vágner quase arrancou a perna desse cara. Ele tem sorte de poder jogar futebol depois daquilo.

Guest João Gilberto
Postado

O foda aqui no Sport foram os 4 rompimentos de ligamentos, 2 em cada perna! O cara ficou praticamente 2 anos parado e o clube sequer cogitou demiti-lo, mesmo com a falta de empenho, cumpriu o contrato recebendo em dia até o final! Nessa época eu tive pena, amaldiçoei o zagueiro do Náutico até última geração, mas vejam, como é a vida:

Veja a gravidade da fratura do zagueiro tricolor

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Do Fluminense não é o lateral-esquerdo que jogou no Goiás e aqui no Grêmio?

Esse mesmo Jadílson também passou pelo Furacão. Isso me confundiu.

  • Diretor Geral
Postado

Pensei que fosse o Jadílson que jogou na LE do Grêmio. [...]

Eu também. Esse daí inclusive jogou também no SP.

Quanto a esse do Sport, sua própria ignorância lhe passou uma bela de uma rasteira.

  • 2 semanas atrás...
Postado

Meu sentimento é o mesmo. Não dá dó, foi a cova que ele cavou

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