PSG Aos 33, Ibra conquista equilíbrio na carreira em "caso de amor" com Paris

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Aos 33, Ibra conquista equilíbrio na carreira em "caso de amor" com Paris

Após passagens problemáticas por outros países e clubes, atacante sueco se adapta à vida na cidade francesa e adota hábitos discretos com a família

Por Claudia Garcia

Paris, França

Demorou, mas ele conseguiu. Zlatan Ibrahimovic conquistou finalmente a serenidade e tranquilidade que lhe faltavam para demonstrar todo o seu potencial em campo. O sueco completa nesta sexta-feira 33 anos com a certeza de que ninguém mais duvida das suas qualidades técnicas, capacidade de liderança e habilidade para fazer gols geniais.

Mas, em um passado recente, as dúvidas existiam. E existiam porque Zlatan não era regular e suas atitudes em campo com adversários e até companheiros, por vezes, o prejudicavam. Mudar de cidade para cidade, de clube em clube, com a pressão de ter que ser o melhor não ajudaram o jogador a alcançar estabilidade emocional. No PSG, foi diferente. Os números expressam essa nova fase: 76 gols em dois anos e sete gols nesta temporada, fora amistosos com o clube e com a seleção.

O rendimento do camisa 10 nunca foi tão positivo como em Paris e isso se deve ao estilo de vida que o jogador e sua família adotaram na capital francesa.

- Eu vejo o Ibra mais tranquilo aqui do que nas outras cidades. Ele está bem calmo, sereno, sente mais liberdade, faz sua vida normal, ele é assediado, mas não como nas outras cidades, porque realmente aqui, o público é diferente, é uma questão cultural - explica o brasileiro Maxwell, que Ibra definiu como o seu melhor amigo “dentro e fora de campo”.

A esposa do jogador, Helena Seger, também disse recentemente a uma publicação francesa que a mudança para Paris “foi o melhor que aconteceu na vida da família”. Na Itália ou na Espanha, o futebol é vivido com mais intensidade pelos torcedores e imprensa. Já na bela Paris, acostumada a receber ilustres figuras públicas de todo o mundo nos 365 dias do ano, Ibra tem uma exposição menor e vive um dia a dia mais tranquilo mesmo com assédio recorrente.

Ibrahimovic com o amigo Maxwell (Foto: Agência Reuters)

- Sempre vivemos muito bem. Graças a Deus nós tivemos a oportunidade de sermos solteiros quando jovens e agora estamos os dois num momento mais maduro das nossas vidas, estáveis e felizes. Sempre estamos juntos, os nossos filhos estudam na mesma escola inglesa, na mesma classe e se dão super bem. As nossas esposas também, por isso saímos bastante para jantar, ir no parque com as crianças, cinema, fazemos muitos programas com as crianças - revela Maxwell, que fala em língua inglesa com o amigo de longa data.

Os dois se conheceram no Ajax em 2001 e depois disso já atuaram juntos no Inter de Milão, Barcelona e agora no PSG. Nesta sexta-feira, as duas famílias irão se reunir para celebrar o 33º aniversário do sueco de forma “muito discreta”, como gosta a esposa Helena, 11 anos mais velha que o marido. No ano passado, o jogador alugou um jatinho privado e levou todos para uma celebração na Suécia.

- Coincidiu que a gente teve uma folga e viajamos até a Suécia. Esse ano não dá. A gente tem jogo no domingo. Vamos ficar por aqui mesmo - afirmou o lateral esquerdo sem querer dar muitos detalhes da comemoração.

| VIDA DISCRETA

Zlatan Ibrahimovic, a esposa Helena e os dois filhos Maximilian e Vincent - os dois com nome francês - não apreciam a exposição pública, porém, não quiseram abrir mão de um estilo de vida requintado e aproveitar o melhor que a cidade de Paris tem para oferecer. Por isso, a família se instalou na zona central e mais cara da cidade: o famoso Triângulo de Ouro da moda, formado por três avenidas de boutiques de alta costura, muito perto do Arco do Triunfo e da Torre Eiffel. Um dos lugares preferidos do craque no bairro é o restaurante Avenue. Em Paris, as pessoas comentam que para encontrar o atacante basta ir ao local.

Ibra no aniversário de Lucas (Foto: Divulgação)

- Quase todos os jogadores do PSG vêm aqui, mas o Zlatan e a família são os que mais vêm. Tem semanas que ele vem duas ou três vezes até para tomar café da manhã, jantar ou encontro de negócios, acho que com o agente dele. Em outras semanas não vêm tanto, mas a esposa ainda aparece mais do que ele. Vem com os filhos, familiares ou amigos - revelou Axel Marin La Meslee, gerente do restaurante.

Os funcionários do Avenue passaram por um casting de moda para servir. Moças altas, bonitas e com muita maquiagem recebem a clientela chique do local. O restaurante serve vários tipos de pratos franceses requintados - de carne e mariscos. O preço médio gira em torno de 100 euros (R$ 300) por pessoa, mas pode aumentar em caso de consumo de bebidas alcoólicas, o que não é o caso de Ibra.

- Ele não bebe álcool. Gosta de comer um pouco de tudo, come batatas fritas, carne ou peixe sem problemas, mas acompanha com suco ou água. Álcool nunca bebe, nem a esposa - garante Le Meslee.

Outros jogadores do clube, como os brasileiros Lucas e Maxwell, também são frequentadores assíduos do Avenue.

| CASA E PIZZA

Segundo relatos de conhecidos e amigos do jogador, Ibra é uma pessoa que não gosta muito de sair, tem estilo caseiro, mas já foi visto em vários eventos públicos e esportivos da cidade. Além de ser fã de videogame e dedicar muito tempo aos filhos, a caça é outra das paixões do sueco, que normalmente pratica a atividade no seu país. Sempre que pode, nem que seja por um dia, Ibra viaja à Suécia, sempre acompanhado pela família, em avião privado.

Depois dos treinos, na parte da tarde, o craque do PSG já foi visto várias vezes passeando pelas lojas da Avenue Montaigne com a esposa. O casal é frequentador recorrente de grifes como Channel e Dior.

- Ele vem várias vezes, compra camisas, calças esportivas e terno. Ele está tentando melhorar o seu estilo - brinca Adam Charlon, de 27 anos, que trabalha em uma das boutiques.

Ibrahimovic no restaurante Pepe Bianco (Foto: Reprodução / Instagram)

O sueco chegou a comentar que não se preocupava muito com moda e era adepto de um estilo muito descontraído. Mas, ultimamente, Ibra tem demonstrado mais interesse pelo assunto.

- Ele é legal quando vem aqui algumas vezes. A gente conversa, e ele se mostra interessado em se vestir bem, experimenta várias coisas, quer ver os modelos. É elegante - diz Adam.

Sempre que entra numa dessas boutiques da Avenue Montaigne, Ibra raramente sai só com uma sacola e não compra nada que seja barato.

- Aqui, um terno completo custa no mínimo dois mil euros (R$ 6 mil). Uma camiseta uns 300/400 euros (cerca de R$ 800), mas ele sempre compra mais do que uma coisa - afirmou o vendedor.

Depois de treinar, fazer compras, jogar videogame e brincar com os filhos, Ibra sai para jantar fora, mas volta cedo para casa. Em outras vezes, encomenda pizza de trufa. A comida italiana é uma das favoritas do jogador que viveu no país quase nove anos. A ligação de Ibra com a Itália é especial, porque foi no país onde nasceram os seus dois herdeiros.

Ibrahimovic com os filhos na torcida no jogo entre PSG e Reims em Paris (Foto: AKM-GSI Brasil)

Quando assinou com o PSG, o sueco afirmou que não queria deixar Milão. Nos primeiros meses, ele não teve uma adaptação fácil à cultura francesa. Mas, no último ano, caiu nas graças de Paris, melhorou o idioma e passou a apreciar os costumes locais. Sempre que sente saudades da "ex-casa", o jogador vai com a família em restaurantes italianos. Um deles é um napolitano bem famoso no vestiário parisiense.

Pizza favorita de Ibra no restaurante Pepe Bianco (Foto: Reprodução / Instagram)

- Ele sempre come pizza. Acho que é marguerita mesmo. Quando é o período da trufa, a gente prepara, porque é a preferida dele. A esposa gosta de uma pizza frita que a gente faz aqui, é uma das especialidades da casa. Ele é muito preocupado com a dieta, só come uma pizza normal, não quer entradas nem sobremesas. Eles são simpáticos, mas são mais reservados que os outros e sempre vão embora cedo - revela o proprietário do restaurante "Pepe Bianco", o napolitano Nicola Arbolino.

O "Pepe Bianco" também é o eleito de outros jogadores do PSG: brasileiros, sul-americanos e italianos se reúnem várias vezes por lá. A vantagem é que o restaurante encerra tarde seu expediente, ao contrário dos outros estabelecimentos em Paris, que fecham cedo, mesmo que na porta esteja um tal senhor chamado Ibrahimovic.

- É, Paris é assim. Tudo fecha cedo e para todo mundo. São os costumes da cidade. Por isso, quando eles querem vir aqui depois dos jogos, eles ligam, e a gente fica até tarde. Lavezzi e Cavani são os que vêm mais, mas Thiago Silva, Verratti e Maxwell também aparecem várias vezes. Ibra um pouco menos. E, quando os jantares são de grupo, a conta nunca é dividida. Um dia um paga, outro dia paga outro. Alguns dias a gente oferece - sorri o italiano.

No mais requintado restaurante "Avenue", o procedimento não é o mesmo. Como as contas de grupos podem ultrapassar os dois mil euros (cerca de R$ 6 mil), muitas vezes, os jogadores que vêm em grupos dividem. Mesmo assim, raramente são eles quem arcam com as despesas.

- O Ibra e o Lucas vêm com a família e amigos, mas não são eles que pagam diretamente. Normalmente é o agente ou um dos amigos deles que fazem isso. Acho que eles preferem assim para não se exporem. Muito por causa das polêmicas que existem em torno dos jogadores e do dinheiro que recebem. Algumas pessoas podem ficar chocadas - explica Axel Marin La Meslee.

Uma conta recheada de euros do "Avenue" não é nada que possa atrapalhar a conta bancária de Ibrahimovic, que todos os meses recebe cerca de um milhão e meio de euros (aproximadamente de R$ 4 milhões), esse valor somente do PSG, com o qual o jogador tem contrato até 2016. O atleta ainda tem compromissos comerciais que lhe rendem outras similares. Tudo isso para seguir com sua vida de alta classe e gostos peculiares na Cidade Luz.

Jogadores do PSG no restaurante Pepe Bianco (Foto: Reprodução / Instagram)

GE