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O modelo inglês e por que ele não serve para o futebol brasileiro


Henrique M.

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  • Vice-Presidente
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Eu estava em uma visita rápida a Londres quando me chegou a notícia de que o Manchester United havia demitido o técnico David Moyes. No rádio, ouvi um boletim que citava a palavra "marca" três vezes em 10 segundos e depois tratava dos efeitos da novidade no preço das ações do clube, na Bolsa de Nova York.

Esse é um futebol completamente diferente daquele com o qual cresci, apesar de toda essa mudança já estar em curso quando me mudei para o Brasil há 20 anos. Uma indústria que antes era de pouco investimento e baixo lucro transformou-se em um monstro do entretenimento global. Naquela corda bamba em que o futebol caminha entre o "negócio" e a "cultura", está claro de que lado o futebol inglês ficou.

O ponto da virada, o fundo do poço, foi certamente o desastre no estádio de Hillsborough, há 25 anos, quando 96 torcedores foram esmagados até a morte como consequência de uma operação incompetente da polícia. Nos 15 anos anteriores, os torcedores vinham causando tantos problemas de ordem pública, que a premissa básica de "controle de multidões" acabou esquecida: a mera presença de tantas pessoas em um espaço reduzido, por si só, passou a ser vista como uma ameaça para a segurança.

Naquela época, era comum ouvir que o futebol inglês estava morrendo - um ponto de vista que, se pensado hoje em dia, soa ridículo. Em vez disso, lições foram aprendidas e mudanças foram feitas - na arquitetura dos estádios, no preço dos ingressos, no comportamento e na própria cultura do torcedor. Como sempre, em um processo assim, houve perdas e ganhos.

'Ambiente asséptico'

Realmente parece haver uma relação entre "conforto" e "atmosfera" dentro dos estádios: mais do primeiro significa menos do segundo. Quando os torcedores têm de chegar ao estádio antes para garantir um bom lugar, quando eles estão amontoados um em cima do outro, é aí que criam essa atmosfera de forma espontânea. Quando todos têm um assento garantido e um acesso excelente, pode-se chegar mais tarde ao estádio, onde o telão dita o tom da ocasião.

O futebol inglês continua a proporcionar uma importante experiência de massa, um meio pelo qual a sociedade pode manter o sabor dos valores coletivos da era industrial - mas isso agora acontece em um ambiente asséptico, mais limpo.

Muitos acabaram excluídos dos estádios pelo alto preço dos ingressos. E eles foram mais do que substituídos. A média de público na Inglaterra agora é significativamente mais alta do que era no período que antecedeu esse processo de "assepsia". O público agora é mais agregador, há mais mulheres nos estádios e muitos representantes das comunidades de imigrantes pós-Segunda Guerra Mundial que tanto mudaram a cara (e a culinária) do país nas décadas recentes.

Qualquer que seja a impressão das pessoas sobre esse "processo de assepsia", na Inglaterra ele parece ter trazido mais ganhos do que perdas. Mas isso não significa que um processo similar, mas em circunstâncias diferentes, terminará com os mesmos resultados. Com a construção das caras e impressionantes arenas da Copa do Mundo no Brasil, além de outros novos estádios pelo país, o futebol brasileiro agora está dando passos na direção seguida pela Inglaterra nos últimos 25 anos. As diferenças, porém, são gritantes.

Uma diferença é que o futebol inglês estava matando torcedores em escala industrial. Após Hillsborough, disseminou-se a ideia, tanto entre torcedores quanto entre autoridades, de que algo havia de mudar.

Os torcedores se uniram, começaram a fazer revistas (fanzines) onde o desejo comum era não ser tratado como gado. O bom desempenho da Inglaterra na Copa do Mundo de 1990 fez a causa ganhar o apoio de uma nova classe média. Fez ainda os torcedores mais "esquecidos" se lembrarem de valores do esporte.

A medida que os estádios foram se tornando arenas com lugares marcados e cadeiras, o futebol foi renascendo e a média de público foi aumentando. E esse "boom" rapidamente se traduziu em um espetáculo mais bonito, com grandes nomes do futebol mundial chegando para melhorar ainda mais o padrão do jogo.

Mesmo os preços poderiam subir, seguindo uma lógica de fortalecimento do esporte - o que não é a situação vista no futebol brasileiro atualmente. Do lado de cá do Atlântico, um calendário arcaico e horários de jogos feitos para a TV afastam os torcedores dos estádios.

E há ainda a questão da distribuição de renda. Se a Inglaterra se tornou uma sociedade mais desigual nas últimas décadas, pelo menos o legado da social-democracia pós-guerra impediu a criação de abismos entre as classes, tão parte da realidade brasileira. Ingressos mais caros inevitavelmente vão tirar gente do estádio. Mas no Brasil há poucas evidências de que essas pessoas possam ser substituídas - semana após semana - por consumidores mais ricos. Além disso, há pouca evidência de que a qualidade do espetáculo justifique os R$ 80 - ou os preços ainda maiores praticados por alguns clubes.

Também não há no passado recente do Brasil qualquer similaridade com as ondas de imigrantes vindas do Caribe ou da Índia que chegaram na Inglaterra. Essas pessoas relutavam, de forma justificada, em frequentar jogos de futebol na Inglaterra nos anos 1970 e 1980, já que o clima era intimidador. A presença deles nos novos estádios é uma vitória para o processo de "assepsia" - uma realidade que não corresponde com a brasileira.

Conforme tenta andar em sua própria corda bamba entre o negócio e a cultura, o futebol brasileiro precisa estar consciente de que a pura cópia de modelos estrangeiros não deve funcionar por aqui. Lições vindas de fora são importantes, mas elas precisam ser adaptadas. E estritamente em termos de negócios, aumentar o preço dos ingressos é uma atitude estúpida. Um assento não vendido é algo que não traz retorno algum.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140507_tim_vickery_futebol_brasil_inglaterra_mm.shtml#TWEET1122759

Texto interessantíssimo que debate aquilo que muitos já viram. A tentativa de elitizar o futebol brasileiro, partindo da Inglaterra. Ele fala coisas muitos interessantes e reais, mas acho que esqueceu do principal, a própria cultura e da maneira de torcer aqui no Brasil e em países latinos.

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O modelo a ser seguido é o Alemão.

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Baratear os ingressos de forma a lotar os estádios, essa é a essencia, em jogos importantes aumenta um pouco em jogos menos importantes barateia, o ideal é estar sempre o mais cheio possivel.

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Baratear os ingressos de forma a lotar os estádios, essa é a essencia, em jogos importantes aumenta um pouco em jogos menos importantes barateia, o ideal é estar sempre o mais cheio possivel.

Se você pensar como lucro para quem gerencia o estádio, não (esse é o problema do Grêmio com a OAS, diga-se).

É melhor ter 20 mil a R$40 que 40 mil a R$20. O valor arrecadado é o mesmo porém com bem menos circulando/depredando/sujando/arrumando confusão...

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Se você pensar como lucro para quem gerencia o estádio, não (esse é o problema do Grêmio com a OAS, diga-se).

É melhor ter 20 mil a R$40 que 40 mil a R$20. O valor arrecadado é o mesmo porém com bem menos circulando/depredando/sujando/arrumando confusão...

Me convenceu, já tinha debatido isso com o presidente do Juventude e ele me falou mais ou menos a mesma coisa que você, fora que os custos de organização/segurança/logística para 20 mil são menores. Mas penso que mesmo assim, com 40 mil temos o maior fator casa e 20 mil pessoas a mais para gastar na loja do clube e gastar com alimentação dentro do estádio... mas pra administradora do estádio isso é relevante.

Triste... os estádios estão cada vez mais vazios, olha que ridículo o Maracanã vazio!

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Se você pensar como lucro para quem gerencia o estádio, não (esse é o problema do Grêmio com a OAS, diga-se).

É melhor ter 20 mil a R$40 que 40 mil a R$20. O valor arrecadado é o mesmo porém com bem menos circulando/depredando/sujando/arrumando confusão...

Isso se você for levar em conta SÓ o ingresso, não leva em conta o consumo que duplica (comida, bebida, SUVENIRS), ainda mais se tiver coisas descentes e a preços justos dentro do estádio.

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Se você pensar como lucro para quem gerencia o estádio, não (esse é o problema do Grêmio com a OAS, diga-se).

É melhor ter 20 mil a R$40 que 40 mil a R$20. O valor arrecadado é o mesmo porém com bem menos circulando/depredando/sujando/arrumando confusão...

Sem contar que cada torcedor tem um custo.

Lembro de ter lido uma matéria há algum tempo que dizia que no Engenhão o custo de operação por torcedor era de R$1, enquanto no Maracanã é R$10.

Assim, vender ingressos a 10, 20 ou 30 reais torna-se impossível, ainda mais levando em conta a cultura de meia-entrada que temos por aqui.

  • Vice-Presidente
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E o problema das organizadas, como resolver?

Eu acho que tem que ir para o lado dos hooligans lá na Inglaterra. Tem que prender, tem que processar, mas para isso a gente primeiro precisa dar uma melhorada na burocracia e agilidade do Judiciário, assim como na impunidade para casos assim.

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Eu acho que tem que ir para o lado dos hooligans lá na Inglaterra. Tem que prender, tem que processar, mas para isso a gente primeiro precisa dar uma melhorada na burocracia e agilidade do Judiciário, assim como na impunidade para casos assim.

O negócio é cortar as asas desse pessoal enquanto é tempo. Se deixar virar o que virou na Argentina, vai jogar quase tudo feito dd forma a melhorar o futebol por terra.

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Muito bom texto do Tim Vickery, importante a opinião de quem é de fora e está há anos no país.

Mas infelizmente a tendência é seguirem o caminho do futebol inglês nesse sentido.

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Eu utopicamente acredito que a melhor alternativa seria organizar o futebol nacional em uma associação de clubes, e estruturá-lo em forma de franquias, a exemplo das Majors nos Estados Unidos.

  • Vice-Presidente
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Eu utopicamente acredito que a melhor alternativa seria organizar o futebol nacional em uma associação de clubes, e estruturá-lo em forma de franquias, a exemplo das Majors nos Estados Unidos.

A cultura brasileira não permite isso. No EUA só é assim porque o futebol é algo novo lá e foi adaptado das próprias estruturas de competições de outras modelidades mais fortes para facilitar a adesão dos estadunidenses com o "soccer".

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A cultura brasileira não permite isso. No EUA só é assim porque o futebol é algo novo lá e foi adaptado das próprias estruturas de competições de outras modelidades mais fortes para facilitar a adesão dos estadunidenses com o "soccer".

CHUTEIRA PRETA

Segunda-feira, 17/03/2014 às 17:00 por David Butter

Delírios da decadência

Os problemas do futebol brasileiro são nacionais. Federações estaduais sozinhas não dão conta. Federações estaduais coligadas, mas destinadas tão somente a defenderem sua própria existência, tampouco bastam.

Nos vinte e seis estados e no Distrito Federal, estaduais se esvaziam de interesse e clubes pequenos lutam para se sustentar em janelas de competição cada vez menores. Como estão, os estaduais e os pequenos que nele se apoiam apenas fazem hora para acabar: o “charme” e a “tradição” convencem cada vez menos.

Flamengo x Bangu jogaram para 608 pagantes (Fabio Castro/Agência Estado)

O que se arma, de agora, é um cenário cada vez mais concentrado de poder em torno de algumas poucas “grandes marcas”, circulando num número pequeno de estados.

Os doutores da tristeza diriam que esse é movimento natural do mercado e que não poderia ser diferente num momento em que o futebol se consolida como um negócio global, de marcas globais. Isso talvez faça sentido para a Espanha, aquele pequeno país. Esquecem eles da maior peculiaridade do jogo no Brasil: a grande quantidade de praças com mais de um protagonista.

(O que concentra, assim como o que elitiza o futebol no Brasil, não é a natureza: é a ação consciente de quem acha ter aprendido com o exemplo de países que não têm nada a ver com o nosso.)

Ao óbvio, de novo: o Brasil é continental. Qualquer diagnóstico, inclusive e talvez principalmente o “de mercado”, deve considerar isso. Se tivermos de mirar para fora, devemos olhar para um país do nosso porte, e não para os quintais da Europa: para os Estados Unidos.

Fluminense e Vasco jogaram para menos de 14 mil pagantes (Ricardo Ayres/Photocamera)

Não sou o maior fã dos grandes esportes americanos (com exceção do basquete e do futebol-futebol), mas admiro um elemento-chave da organização de suas ligas: a preocupação com a nacionalização das competições.

Por que não faria sentido repartir nossas competições nacionais em grandes regiões/conferências? Parto à utopia. Imaginemos o futebol brasileiro organizado de acordo com um critério que equilibrasse mérito esportivo e mercado para futebol.

Num cenário com estaduais reduzidos talvez a “torneos de verano” no estilo argentino ou a copas estaduais, urge um Brasileiro que mantenha acesa as rivalidades e, ao mesmo tempo, incentive a ocupação de estádios e arenas no país inteiro.

Minha sugestão seria dividir a temporada em duas, no modelo das ligas americanas: uma temporada regular, em que se pontua, e uma fase eliminatória, onde se apura o campeão.

MLS mantém modelo de regionalização (Diogo de Avila/Globoesporte.com)

Na temporada regular, os times pontuariam dentro das conferências. Cada time enfrentaria seus rivais dentro da conferência duas vezes, e jogaria fora da conferência uma vez contra cada time. Suponhamos cinco conferências: Conferência Paulista (6 vagas), Conferência Sudeste (6 vagas), Conferência Sul (6 vagas), Conferência Nordeste (6 vagas) e Conferência Norte-Centro Oeste (6 vagas) – é só um exemplo, não briguem. No total, teríamos 30 times, com dez jogos dentro da conferência e mais vinte e quatro fora, totalizando 34 na temporada regular.

No fase eliminatória, jogariam os cinco campeões de cada conferência e mais os três não-campeões mais bem colocados nos 24 confrontos contra times de fora da conferência. Sorteios definiriam os confrontos em ida-e-volta nas quartas e nas semifinais. Na final, haveria um jogo único, em estádio neutro (que tal Brasília por uns cinco anos e depois sorteio?).

Campeão e vice jogariam 39 jogos, só um a mais do que hoje na Série A. Os semifinalistas eliminados, trinta e oito jogos. Os eliminados nas quartas, trinta e seis.

O último colocado de cada conferência seria rebaixado. E as cinco vagas seriam preenchidas dentro da conferência, com base numa Série B também regionalizada.

(Da Série C em diante, pensaria em divisões regionalizadas, mas com confrontos limitados às conferências, por questão de custo.)

O que traz essa fórmula além da satisfação pessoal a um cartola de botão como eu? O uso de arenas construídas, de uma forma ou de outra, com o dinheiro de todos; a preservação dos clássicos num contexto forte de competição; e a manutenção do caráter nacional do jogo.

Caio no chão. Nunca acontecerá.

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Se você pensar como lucro para quem gerencia o estádio, não (esse é o problema do Grêmio com a OAS, diga-se).

É melhor ter 20 mil a R$40 que 40 mil a R$20. O valor arrecadado é o mesmo porém com bem menos circulando/depredando/sujando/arrumando confusão...

Com 40 mil pessoas nas arquibancadas, mais gente compra produtos do estadio (no Morumbi os carinhas vendendo sorvete/Habib's etc. sao empregados pelo SPFC). E essa é uma conta meio simplistica. Ano passado o SP começou a promoçao de arquibancadas por 10 reais e arrecadou bem mais do que vinha arrecadando antes, sem falar no ganho tecnico de jogar com estadio cheio.
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Com 40 mil pessoas nas arquibancadas, mais gente compra produtos do estadio (no Morumbi os carinhas vendendo sorvete/Habib's etc. sao empregados pelo SPFC). E essa é uma conta meio simplistica. Ano passado o SP começou a promoçao de arquibancadas por 10 reais e arrecadou bem mais do que vinha arrecadando antes, sem falar no ganho tecnico de jogar com estadio cheio.

Detalhe para o "para quem gerencia o estádio". Você (e um outro post que não lembro de quem) esquecem as lanchonetes em alguns estádios são alugadas, que a loja dá lucro ao clube e não a quem gerencia (no caso da Arena) e o mesmo para tudo o que foi citado.

Claro que há formas de ganhar dinheiro com mais gente, por outro lado se alguém deixa de ir porque não paga R$40 mas paga R$20 vai gastar com produtos do clube?

O possível ganho desportivo pelo estádio cheio é algo que no momento da partida só favorece o clube, e aí entra o pensar pequeno de quem gerencia, que é lotar hoje para classificar e em um jogo mais importante cobrar mais e ainda assim lotar.

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Detalhe para o "para quem gerencia o estádio". Você (e um outro post que não lembro de quem) esquecem as lanchonetes em alguns estádios são alugadas, que a loja dá lucro ao clube e não a quem gerencia (no caso da Arena) e o mesmo para tudo o que foi citado.

Claro que há formas de ganhar dinheiro com mais gente, por outro lado se alguém deixa de ir porque não paga R$40 mas paga R$20 vai gastar com produtos do clube?

O possível ganho desportivo pelo estádio cheio é algo que no momento da partida só favorece o clube, e aí entra o pensar pequeno de quem gerencia, que é lotar hoje para classificar e em um jogo mais importante cobrar mais e ainda assim lotar.

Em sua maioria não alugadas, são arrendadas. Eu sei que pra você vender algo no estádio, seja o que for, tem que pagar um valor pro clube.

Quanto mais gente estiver comprando, mais vai ter essa demanda.

Se baixar o preço do ingresso pela metade, você terá mais que o dobro de pessoas no estádio.

A arena não serve muito pra comparação, porque tem essa merda de contrato que não assinam, e tá tudo emperrado. A Arena é uma mina de dinheiro se souberem usa-lá.

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Vendo de um norte empresarial, é algo muito, muito fácil de se fazer e aplicável a qualquer modelo de negócios, ainda mais no futebol:

- Horários decentes das partidas. E ai a gente já cai na mão da CBF pra ver a primeira merda

- Fácil acesso e transporte policiado (metrô/trem, seria perfeito);

- Barateia ingressos, trazendo pra realidade popular (o que hoje seria uns 20, 25 pila pra um jogo normal, o que seria preço de um ingresso de cinema). Isso não é nem questão de escolha, mas de NECESSIDADE. Nos EUA, por exemplo, os estádios pra se assistir basquete e até futebol, se não me engano, não passam dos 20, 25 mil lugares, normalmente (e tá lotado praticamente sempre). Aqui no Brasil nego faz estádio pra 50, 60, 80 mil pessoas e coloca média de 10 mi. Isso mata qualquer negócio. Baratear ingressos é uma grande NECESSIDADE. Com isso acontece a terceira coisa;

- Fidelização do consumidor. Não adianta fazer uma promoção de ingresso popular e no restante da temporada colocar ingressos a 50, 60, 80 pila. Isso não existe. Não se fideliza consumidor. "Ah, mas ai se o ingresso for barato, ninguém vai se associar". Nesse ponto que as promoções deviam acontecer. Faz um esquema de sorteio de camisas autografadas, de assistir aos jogos de camarote, de encontrar jogadores, de bola autografada e o escambau. O clube é uma vitrine, parceiro. Todo mundo quer ficar lá no meio. E, claro, cria um plano bastante atrativo, onde se economize (ai precisaria de um estudo) e ganhe desconto se for a TODOS os jogos do mês. É assim que se fideliza torcedor de futebol.

Essa história de tu gastar mais com mais gente no estádio é coisa de quem não tem visão nenhuma. Existe um ganho subjetivo GIGANTESCO pelo torcedor ir no estádio e ter sempre casa cheia. Não é só questão de consumo dentro do estádio, mas de tu ganhar alguém que vai crescer indo pra lá sempre. É basicamente uma renda fixa. Futebol não é um curso de inglês, de informática, que tu só vai precisar do cliente por X tempo. Futebol é pra vida toda. É preciso garantir condições pro torcedor poder ir aos jogos sem achar que tá sendo assaltado. Eu cresci indo ao Olímpico em TODO OS JOGOS, desde 96, 97. Ai o preço foi aumentando e foi me atraindo pro estádio só em dias de jogos especiais (libertadores, final de gauchão etc). Hoje eu não vou pra Arena NEM FODENDO. Com os preços que tá aquela merda, é um desrespeito com o torcedor. Penso que fiz extremamente bem ao cancelar há anos a minha social. Graças a deus.

Infelizmente, o amadorismo e a CBF imperam pra esses lados aqui, mas o mais importante o Brasil tem: torcedores. É duro tu começar um negócio sem o cliente. O potencial pro futebol ser um NEGÓCIO de sucesso é imenso. Falta união entre clubes, empresas decentes e gerenciamento que não seja amador. É só ler o livro e fazer.

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Mania de brasileiro de querer copiar tudo sempre e no final copiar só as partes ruins e tudo ficar pior ainda.

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